OS DIÁRIOS DE QUALIDADE DE HOJE
O tema de abertura do Diário de Notícias é o programa "Ab...sexo", de Marta Crawford, na TVI. Espaço nobre no canal mais popular da televisão, há peças de três jornalistas femininas (Paula Brito, Fernanda Câncio e Rute Araújo) e um editorial-comentário de Miguel Gaspar, de onde retiro o seguinte: ""Aqui, não há véus nem biombos que atrapalhem um discurso simples que vai das técnicas para aumentar o prazer à prevenção para ultrapassar os riscos. O programa tem a simplicidade de um manual de instruções. E isso é uma bofetada sem luva no Portugal moralista que, à esquerda e à direita, permanece agarrado a um obscurantismo atroz". Já sentia falta dos textos de Miguel Gaspar.
Mas o Público merece uma atenção especial. A edição de hoje apetece ser lida de uma ponta a outra, pois até concordei com a crónica de Vasco Pulido Valente e dei razão a Mário Mesquita (na marcação partidária dada aos seus textos versus os de outros colunistas, pretensamente "neutros" como os de José Manuel Fernandes, José Pacheco Pereira ou Helena Matos, eu que gosto de ler Mário Mesquita mas não compreendo a deriva persistente dele numa candidatura presidencial). Para além do destaque (violência nas escolas, tema mais abrangente que um simples programa de televisão como o abordado no Diário de Notícias), relevo a importância dada à tese de doutoramento de Felisbela Lopes e ao magnífico texto de João Bénard da Costa (sobre o padre Manuel Antunes, da ordem dos Jesuítas, e a sua leccionação na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa). E, para além do texto, o grafismo das duas páginas concedidas ao escultor José Dias Coelho, assassinado 44 anos atrás. E, ainda, do texto em mirandês, de autoria de Amadeu Ferreira, com uma fotografia dele em que traz uma bóina, editado na página 69 (caderno "Local"), que me parece próximo do galego e, mesmo, do catalão.
Ao folhear os dois matutinos de hoje, confirmo a minha ideia da importância em ler jornais, como assinalo na coluna direita deste blogue: "Leiam jornais de referência em papel". A formação de uma opinião pública consciente faz-se das leituras múltiplas de notícias, comentários e críticas. E, olhando para os comentários sobre a reunião dos 25 da União Europeia e para o acordo orçamental da Europa para 2007-2013 depreende-se que, para além da vitória conseguida por Portugal, o comentário de Luís Naves (Diário de Notícias) merece ser reflectido ("Uma vitória e um fracasso"). É que há os novos países da UE que têm vantagens competitivas próximas: níveis educativos mais altos, proximidade em relação aos grandes mercados europeus, doses elevadas de investimento externo e "demografia certa". Sublinho os níveis educativos altos e acrescento a importância de ler jornais e livros - e não nos deixarmos esmagar no peso do audiovisual.
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