AINDA LEITURAS DE ONTEM (1)
Paulo Miguel Madeira, no Público de ontem, escreveu um longo artigo sobre a presença do capital estrangeiro nos media nacionais. A razão principal, diz, tem a ver com a recente aquisição de capital por parte da Prisa (e da RTL) na Media Capital (e na TVI por arrastamento).
O que mais chama atenção é o quadro que acompanha o texto, dando conta dos principais grupos de media em Portugal, tarefa interessante mas sempre desactualizada pela dinâmica do mercado. Pedagogicamente, distingo três níveis no quadro. O primeiro é o dos grupos mais antigos e onde se não tem registado grandes alterações (seguindo o escrito por Elsa Costa e Silva em livro recente sobre a matéria): Estado (RTP - rádio e televisão; 50% da agência Lusa) e Igreja Católica (rádios Renascença, RFM e Mega FM, Diário do Minho). Em segundo lugar, vem grupos mais recentes, como Cofina (Correio da Manhã, Record, Sábado, outras revistas, 33,3% da distribuidora VASP), Impresa (SIC e canais SIC no cabo, Expresso, Visão, Exame e outras publicações, 22,35% da agência Lusa, 33,3% da distribuidora VASP, produtora SIC Filmes), Media Capital (TVI, Rádio Comercial, Best Rock FM, outras estações de rádio, Cotonete, cinco revistas especializadas e a produtora NBP), Impala (Focus, Maria, Nova Gente e outras publicações) e Sonae.com (Público, Rádio Nova). Finalmente, os grupos recentíssimos, como a Recolectos (Diário Económico e Semanário Económico) e Controlinveste (Sport TV, TSF e outras estações de rádio, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, 24 Horas, O Jogo e mais títulos de jornais, 33,3% da distribuidora VASP, impressão Naveprinter e Gráfica Funchalense).
Do texto, fico com a noção adequada do capital do jornal Público. Tento tido capital dos jornais espanhol El Pais e italiano La Repubblica, que a Sonae recompraria, mais recentemente, por cruzamento de capitais com a France Télécom, a holding que detém o jornal conta com 23,7% de capital da empresa francesa. Por outro lado, o jornalista refere que a Controlinveste não tem capital estrangeiro. A minha dúvida está aí. Lera, na altura da aquisição dos media da PT pela Controlinveste que esta tinha como apoio um banco; ora, esse banco, parece-me, tem capital estrangeiro. Se este meu raciocínio for correcto, não se pode dizer que a Controlinveste tem capital estrangeiro por via do banco que suportou a transacção?
Chamo ainda a atenção para a partilha, por vários grupos, de parcelas da cadeia de valor na imprensa, caso do capital da Lusa, a agência de notícias, e da distribuidora VASP, o que leva a algumas sinergias e acordos entre grupos concorrentes, exactamente a montante e a juzante do negócio principal de fazer notícias e entretenimento.
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