- FESTA DA MÚSICA
Na revista "Actual", do Expresso, no passado dia 7, vinha uma entrevista com a administradora do CCB, Margarida Veiga, onde ela dava conta da possibilidade da Festa da Música ser reduzida a dois dias e passar a bienal. Ora, lembre-se que a original Folle Journée francesa, em Nantes, é anual e dura quatro dias e meio (Portugal adoptou um modelo de dois dias e meio).
Foi um colega meu, o professor Carlos Capucho, que me chamou a atenção para esta questão. Para ele, "quando sabemos o que significou para Portugal a coragem do administrador Lobo Antunes em trazer o admirável acontecimento de Nantes, quando sabemos como isso é importante para um país, como o nosso, onde a educação e divulgação musical é o que todos conhecemos, quando sabemos no se transformou a Festa da Música como grande acontecimento popular", nada justifica a regressão.
Até porque os concertos esgotam e tornam o CCB um local de encontro como não se vê nos restantes e longos dias do ano. E as indústrias criativas só têm a ganhar com a promoção e articulação da Festa a outros eventos culturais naquela faixa ribeirinha de Lisboa. Esperemos que a administração de Mega Ferreira, que já começou a trabalhar, proceda à revisão de tal hipótese.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 24 de janeiro de 2006
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2 comentários:
É curioso como a cultura é tratada em Portugal. Se os concertos esgotam no CCB, certamente não dão prejuízo. Então porque é que se termina com eles?
Existem modos padrão de actuar nos centros de decisão - sejam estes pequenos, médios ou grandes - que se tornam confrangedores pela incultura que destilam e pelo mal que causam.
Um deles é o de rebater a memória. Estamos sempre a partir do zero - como se não tivessem havido em determinadas áreas do saber e de actuação, experiências, projectos, acontecimentos promotores de caminhos inovadores e de novas e necessitadas aculturações.
Apagar a memória é uma estratégia para reinar. As jovens gerações são as vítimas fáceis: presas aos dias devorados,nem se apercebem dos logros que lhes são apresentados como novidades.
Um outro é o da menorização dos factos: ou não teve tanta importância assim, ou, como neste caso, opta-se por uma versão emagrecida, supondo que se atingirão os mesmos resultados com menos dinheiro.
É a política de contenção do vil metal - a compromoter as metas e as estratégias. Mas quais?
Ninguém sabe - porque, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades".
Por isso seria tão urgente um pacto de regime para a cultura e para a educação em Portugal - que sobrevivesse aos sobressaltos das conjunturas políticas e económicas.
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