sábado, 28 de janeiro de 2006

MÚSICA DIGITAL

Esta semana e por duas vezes, o jornal Público dedicou atenção à música digital. Melhor dizendo, na edição de 22 de Janeiro, com assinatura de Paulo Miguel Madeira, editou um texto sobre tecnologia, o podcasting, e ontem, escrito por vários colaboradores, sobre a divulgação da nova música através da internet.

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O podcasting (combinação de iPod, leitor portátil de música digital, com broadcast, emissão em rádio ou televisão em inglês) tem uma vantagem quanto à distribuição de programas de rádio ou outros ficheiros de som, pois "permite aos utilizadores construir grelhas de conteúdos conforme os seus interesses". O iPod, escreve o jornalista, "acaba por ser um dos ícones [...] desta nova tendência". E o som, através de ligação por computador, "pode ser transferido para um leitor portátil de mp3 ou outro formato".

Tudo isto a propósito da adesão de estações radiofónicas ao podcasting, caso do grupo Media Capital (Rádio Comercial, Rádio Clube Português e portal Cotonete), já em meados do ano passado, e da TSF, mais recentemente.

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Já o tema de capa do suplemento "Y" de ontem do Púbico mostra-nos como, "sem qualquer contrato discográfico, sem editora por trás, o boca-a-boca no ciberespaço faz-se de e-mail para e-mail". Vítor Belanciano retoma a ideia no começo do seu texto inicial: "Uma banda sem qualquer estrutura por trás, por iniciativa própria, coloca a sua música na Net. A Net perde-se de amores pela banda. Os internautas, pertencentes a blogues, comunidades virtuais, fóruns de conversação ou webzines, escrevem todos os dias sobre a banda. O culto propaga-se de e-mail para e-mail. A banda vende alguns milhares de discos através de e-mail e torna-se conhecida num ápice. Resumindo, esta é a história dos americanos Clap Your Hands Say Yeah".

E, em outro texto escrito pelo mesmo jornalista, ele afirma: "São o grupo preferido nos últimos meses da geração net. O vocalista [Alec Ounsworth] tem voz de cana rachada e a música não é a mais original do mundo, mas então porque diabo apetece ser feliz depois de se ouvir o álbum dos americanos Clap Your Hands Say Yeah"?

A "Y" dedica ainda espaço aos ingleses Artic Monkeys, com "Whatever people say I am, that's what I'm not", e aos portugueses Linda Martini, com "Linda Martini". Escreve Pedro Rios sobre estes últimos: "O sucesso dos Linda Martini é um exemplo da capacidade da Net como meio de aceleração dos normais trâmites que antecedem a edição de um disco". De início era uma maqueta, "que entretanto «ascendeu» ao estatuto de disco promocional do grupo e acabou por passar em algumas rádios como objecto discográfico de pleno direito".

Um outro texto, assinado por Mário Lopes, desce ainda mais ao pormenor do novo mundo da divulgação da música digital: "a minha geração [de Alexandre Camarão, autor de The Remixes], que está pelos 30, ainda compra revistas, jornais e CDs, mas agora surge uma outra que cresceu ligada à Net e que tem nela a sua principal ligação à música". Os grandes nomes, prossegue o texto, apoiados na rádio e televisão pelas campanhas das multinacionais, têm ainda lugar no espaço mediático; contudo, o processo encontra-se em mudança. No My Space alojam-se cerca de 1500 bandas nacionais, desde os conhecidos Da Weasel ou The Gift até bandas de garagem à espera do reconhecimento.

O negócio da indústria discográfica chegou, assim, a um novo modelo de funcionamento. Para além do software gratuito que permite criar uma página e colocar informação sobre uma banda, possibilita ainda descarregar quatro músicas para audição, simples maquetas ou o single de antecipação do álbum.

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