PERSPECTIVAS DIFERENTES OU COMPLEMENTARES ÀS MINHAS (III)
Anteontem, escrevi um postal com o título A vitória da TVI na guerra das audiências, que mereceu alguns comentários (e que agradeço muito).
Agora, ao ler o recente livro de Reginaldo Rodrigues de Almeida, O voo da borboleta - crónicas da sociedade da informação, encontro uma posição distinta da assumida por mim ao olhar a TVI, e não hesito em a transcrever: "Há alguns anos a produção portuguesa de telenovelas sofreu uma reviravolta e [...] a TVI destaca-se como o canal que acolhe a produção nacional de maiores sucessos. Porquê? Os guiões evoluiram para situações próximas da realidade portuguesa, onde o dia a dia de uma família de Copacabana, a ter lugar, consegue-o como mero acessório na acção. Buscam-se cenários como Coimbra, Évora, Setúbal, Lagos, cidades normais do nosso país, e faz-se a acção decorrer de realidades exequíveis naquelas localidades, mas com vivências sociais de todos nós: a problemática da deficiência física, nomeadamente dos cegos, o uso de drogas e a maternidade na adolescência (Morangos com açúcar) ou os conflitos de gerações" (p. 3).
Comentário meu, fora da leitura do livro: claro que eu gostaria de saber mais pormenores sobre o sucesso do canal, como decorrem, por exemplo, as negociações para feitura e produção dos programas. Sabemos apenas do empenho do director-geral na passagem de uma cena no primeiro Big Brother, que despoletou a curiosidade pública e serviu de âncora para fixação dos espectadores no reality-show. Sabemos que aquele programa usou câmaras fixas, como um autêntico panóptico, mas não sabemos a razão porque o programa a 11 de Setembro de 2001 não foi emitido (primeiro, por causa dos acontecimentos trágicos nos Estados Unidos e,depois, porque um dos "residentes" indicara, apesar de isolado do mundo, a ocorrência próxima de uma guerra, mesmo naquele dia, o que deixou a produção incapaz de reagir). Também não sabemos que a criação da banda D'ZRT na série de Morangos com açúcar resultou de uma conversa da produção à volta de uma mesa (tipo: e se criássemos uma banda para "animar" a série?), ou como a moda juvenil daquele programa foi percepcionada pela produção após os espectadores a terem acolhido espontaneamente.
Leitura (em progresso): Reginaldo Rodrigues de Almeida (2005). O voo da borboleta - crónicas da sociedade da informação. Lisboa: MediaXXI
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