domingo, 29 de janeiro de 2006

STEVEN SODERBERGH - UMA NOVA FORMA DE LANÇAR FILMES

O Público de hoje dá-lhe uma pequena notícia, o Le Monde dedica quase dois terços de uma página, com dois textos assinados por Claudine Mulard (correspondente do jornal em Los Angeles, nos Estados Unidos) e Nicole Vulser.



O realizador de, entre outros filmes, Sexo, mentiras e vídeo (1989), Traffic (2001) e Ocean's Eleven (2002), vai, com o seu novo filme Bubble, alterar o sistema de exploração dos filmes. É que a distribuição do filme se efectuou quase em simultâneo com a estreia nas salas de cinema e na televisão por cabo (anteontem, a nível mundial) e em DVD (depois de amanhã, ao preço de 30 dólares).

A fórmula, nunca tentada por Hollywood, está a pôr nervosos os donos das salas de cinema. Se, até ao momento, se dizia que o vídeo e o DVD faziam baixar as receitas das salas, agora com esta fórmula a ida ao cinema está comprometida. No Le Monde de hoje escreve-se que há uma guerra entre o grande ecrã e o pequeno ecrã. Como o mundo se torna cada vez mais digital, a estreia ou venda do mesmo bem cultural em diferentes suportes corresponde a essa mudança. A nova estratégia terá como alvo cerca de 90% da população, que não vai ver filmes a salas de cinema mas pode comprá-los em DVD ou visioná-los na televisão a pagamento. E consolida as campanhas de marketing do cinema e do vídeo.

Para o realizador - que terá feito um filme de baixo orçamento -, a decisão também está relacionada com a pirataria. Steven Soderbergh confessou mesmo que assistiu a filmes como o Senhor dos Anéis, de Peter Jackson a partir de cópias piratas. Apesar de ser um caso isolado, pode ser um golpe do marketing, revelador do pânico com que os Estados Unidos olham o mundo do cinema face a essa pirataria.

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