domingo, 12 de fevereiro de 2006

SER DINAMARQUÊS

A propósito dos cartunes que representam o profeta Maomé, os media escritos e a internet têm tido um papel importante na reflexão dessa representação (o papel da televisão é, no meu entendimento, catastrófico, pois acirra ânimos, mostrando imagens de uma violência indescritível).

Ontem, Nicolau Santos, ao escrever sobre o assunto no Expresso, dizia: "sim, eu sou dinamarquês", manifestando-se solidário com a liberdade de expressão e chamando a atenção para a desproporção de meios (uns cartunes, certamente com objectivos de desestabilização, mas de pouco relevo como incendiar embaixadas e propor o assassinato de naturais da Dinamarca e da Noruega, ou despedir directores de jornais em Paris e Amã).

Hoje, Mário Mesquita, na sua coluna do Público associa-se ao conjunto de jornalistas em desagravo com a situação. Embora de modo mais subtil, como escreve: "Lamento se não termino este artigo de forma reconfortante ou com hosanas à liberdade, mas a patrulha neo-liberal encarrega-se disso, com brio e jactância («somos todos dinamarqueses»)".

Cartunes que retirei da edição em papel do El Pais de hoje





Primeira imagem: de Peter Brooks, editada no The Times (Reino Unido). O desenhador diz: "Não, não, não! Eu disse que estava a satirizar sobre o lucro" [trata-se de um jogo de palavras entre profit/lucro e prophet/profeta].

Segunda imagem: de Stephff, editado no Kwait Times (Kuwait) e no Yordan Times (Jordânia). Diz o diabo: "Claro, o vosso «direito à blasfémia» é inegável".

Terceira imagem: de Hajjaj/Abu Mahjoob Creative. A imagem da Dinamarca antes e depois dos cartunes, tal como ela é vista pelo mundo árabe e islâmico.

Sem comentários: