segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

VOLTANDO À SÉRIE MORANGOS COM AÇÚCAR

Claro que o Cristiano, que eu falava na última entrada, não é o futebolista mas um dos rapazes da série, por quem (pelo menos) uma das personagens está apaixonada.

A nova série, para além do uso mais intenso da cor nos fundos como as paredes ou as portas - quase diria fauve -, faz apelo à banda desenhada e à câmara rápida. À banda desenhada porque insere palavras ou expressões, para reforço da cena. Não é arte conceptual, mas usa o princípio. À câmara rápida, porque, quando importa chegar a uma cena e em vez de um raccord, faz correr mais velozmente os movimentos dos actores. E, como substituição de cortes rápidos de planos, produz fade outs com desenhos: corações, linhas verticais, linhas horizontais, enquanto se esbate o plano com as personagens.

Deste modo, há um apelo à cultura visual - cor, alteração dos planos, uso da escrita para reforço das ideias -, o que torna a série mais apelativa, sem esquecer o óbvio conteúdo das histórias. É que, se a narrativa decorre num espaço determinado - a escola -, o que se mostra não é o trabalho inerente a esse espaço, mas os intervalos entre aulas, o que se passa no bar. Há, assim, uma transferência de local de trabalho para local de lazer, de usufruto, onde o vestuário, as pequenas intrigas (ciúmes, enamoramento, zangas e pazes) são as matrizes dessa narrativa. Já a presença dos "cantores" dos D'ZERT enquanto personagens fulcrais da novela reforça a cumplicidade entre narrativa e simpatia dos fãs da banda e da série.

Acresce-se que a passagem de Morangos com açúcar no horário nobre a seguir ao noticiário das oito da noite - ontem, por exemplo -, significa uma aposta forte do canal televisivo, antes da série também portuguesa de O inspector Max.

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