A afirmação parece-me estranha, pois se costuma dizer "vamos ao cinema". Isto deduz-se das palavras de João Sousa Cardoso, coordenador das conferências Os dias de Janus, na Universidade do Porto - "O cinema tem os dias contados".

Entretanto, a Marktest divulgou ontem o estudo Bareme Cinema, contabilizando meio milhão de espectadores assíduos de cinema (frequência regular semanal). Lê-se: "Os dados mostram que, no Continente, são 2398 mil os portugueses com 15 e mais anos que costumam ir ao cinema. Este valor representa 28,9% do universo em estudo, mas apresenta uma grande diferenciação sobretudo se analisada a idade dos entrevistados. Entre os jovens dos 15 aos 17 anos, 67,5% afirma costumar ir ao cinema, tal como 67,5% dos jovens entre os 18 e os 24 anos. Uma análise do perfil dos indivíduos que costumam ir o cinema mostra que 50,1% são homens, 70,6% são jovens com menos de 35 anos, 45,2% são estudantes e quadros médios e superiores, 43,9% residem na Grande Lisboa ou Litoral Norte e 58,2% pertencem às classes sociais alta e média alta".
Pelo perfil dos espectadores regulares de cinema (classes abastadas, jovens, urbanas, estudantes e quadros superiores e médios), será fácil a aceitação da migração do filme em película para o vídeo. A "naturalidade" defendida por João Sousa Cardoso contempla, certamente, evoluções dentro do cinema - que a nós nos parecem naturais -, como a passagem do cinema mudo para o sonoro e do filme a preto e branco para a cor. O suporte, sendo importante, nomeadamente no embaratecimento da produção e na instantaneidade entre filmar e ver o filmado, não substitui a estética e a narrativa das imagens em movimento, a que nos habituámos desde 1895, com os irmãos Lumière. O prefixo cine (origem grega) na palavra cinema exprime a ideia de movimento, essencial na nossa cultura.
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