sexta-feira, 3 de março de 2006

A DEFESA DA TESE DE ESTRELA SERRANO

Classificada com a máxima pontuação, Estrela Serrana é uma nova doutora formada pelo ISCTE. O tema da tese, como já aqui referenciei, é Para um estudo do jornalismo em Portugal, 1976 - 2001. Padrões jornalísticos na cobertura de eleições presidenciais.

A actual membro da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) analisou os momentos de grande visibilidade social da política e dos políticos nas campanhas eleitorais presidenciais (comícios, caravanas, contactos com as populações) e os dispositivos comunicacionais com elas relacionados. Trabalhou dois factores: análise contextual (política, económica) e dimensão operatória (nos jornais e na televisão). Assim, a análise empírica abrangeu o Diário de Notícias -que deu uma visão diacrónica - e os três canais generalistas (RTP, SIC e TVI). Estruturou a tese em três partes: 1) contribuições teóricas, 2) percurso da história do jornalismo português ao longo de 25 anos, procurando o impacto dos padrões jornalísticos (organização dos media, rotinas e formas de relacionamento), 3) análise do objecto empírico, através de metodologias quantitativas e qualitativas (pesquisa documental, entrevistas de testemunho, análise de conteúdo).





Quais as conclusões? Estrela Serrano apontou, na sua apresentação inicial, um conjunto delas. Entre elas, destacam-se mudanças nos padrões jornalísticos que se adaptam à própria sociedade, peso crescente da profissionalização das fontes, orientação com três direcções (aumento do negativismo, predomínio do entretenimento e formação de notícias seguindo o facto), não fácil associação entre a propriedade dos media e a cobertura jornalística e escassa permeabilização das hierarquias das redacções ao campo político em comparação com a propriedade dos media, cobertura jornalística assente em socialização profissional e distanciamento dos jornalistas face aos candidatos.

A autora do notável trabalho hoje apresentado - segundo todos os elementos do júri - descobriu ainda, ao longo do período em observação, um predomínio do insólito e do humorístico como critério de selecção das citações dos candidatos a presidente da República, apesar do jornalismo ser muito dependente das fontes oficiais em simultâneo com o crescimento de formatos que privilegiam a intervenção dos jornalistas e de uma estratégia de "corrida" eleitoral.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Rogério, obrigada pela "reportagem" das minhas provas. Este blog tornou-se para todos os que estudam os media e o jornalismo uma refer~encia incontornável. Um abraço. ES