Ainda não vi a edição em papel da agenda 30 Dias respeitante ao mês de Março. Ainda só me chegou uma parcela dela em formato electrónico.
O que posso escrever já sobre ela? Dizer que ela tem uma capa muito bela, ajudada por Manuela Jardim, guineense a residir desde criança em Portugal, licenciada em Belas-Artes, pintora e professora de Artes Visuais. Neste momento, ela está a trabalhar num projecto de panos da Guiné e de Cabo Verde, numa recolha de memórias do sítio onde nasceu: Bolama. Para além do apoio de Oeiras, tem também o de Mindelo (S. Vicente, Cabo Verde), com quem Oeiras partilha a geminação de cidades.
Também uma referência ao teatro, com o grupo Quarto Crescente a apresentar a peça O talho do Lucas, de Victor Haïm. E a um texto que eu escrevi sobre agendas culturais [o meu agradecimento a Carlos Filipe Maia, um dos editores da agenda, pela possibilidade em reflectir mais sobre o tema].
- Na década passada, as autarquias compreenderam a importância de dar conta, regularmente, das actividades culturais que nelas decorrem. Com o objectivo de atrair ao seu território actividades multidisciplinares nas áreas das indústrias criativas e culturais (espectáculos, exposições, cinema, televisão, fotografia, literatura, jornais), dedicam anualmente uma parcela importante do orçamento à execução ou apoio directo e promoção dessas mesmas actividades. Aglutinando a cultura com outros elementos (desporto, juventude e terceira idade), as câmaras podem atingir metade do seu investimento anual.
O meio mais lógico da promoção das actividades culturais reside na edição de brochuras com saída regular (mensal, bimestral). Seguindo o modelo das publicações pagas, as agendas culturais dividem-se em secções (editorial, artigo de fundo, notícias breves, reportagens e entrevistas a criadores estéticos) e combinam três facetas dos meios de comunicação que prestam serviço público: formar, informar e entreter. A agenda cultural tem uma outra vantagem, a dimensão portátil: pelo seu formato, ela guarda-se facilmente num bolso de casaco.
Distingue-se também o apuro gráfico das agendas culturais. Os projectos de design foram entregues a especialistas, que privilegiam a imagem, o grafismo e a colocação de textos curtos mas incisivos como forma de melhor atrair os leitores. Ao mesmo tempo, alargam a esfera da comunicação aos suportes electrónicos, possibilitando a potencial leitura de pessoas distantes do concelho, embora com a mesma linha gráfica, a qual identifica melhor o seu promotor.
A um olhar mais radical, a agenda cultural – em especial quando insere a fotografia do presidente da câmara junto ao editorial – parece um veículo de propaganda. Mas, a um olhar mais profundo, a agenda cultural promove a cidade ou concelho. É a sua marca de identidade própria, que a distingue de outros concelhos.
Essa dinâmica autárquica orienta-se em simultâneo para o exterior (com edificação de espaços culturais como centros culturais, museus e bibliotecas, onde decorrem ciclos de actividades tais como cinema, teatro, exposições) e para o interior, com chamada à colaboração dos munícipes, entre os quais aqueles que têm imagem pública – intelectuais, desportistas e pessoas ligadas às artes e indústrias culturais. Ao solicitarem a colaboração desses cidadãos na dinamização e promoção de tais actividades, trabalham para a satisfação de um objectivo primordial: um concelho com vida cultural própria é um sítio onde apetece viver. Além de que, como é hoje reconhecido, as actividades culturais contribuem para a formação do PIB de um país.
Outras agendas 30 Dias de aniversário
A agenda começou com uma tiragem de 15 mil exemplares para dar conta da oferta cultural mensal do concelho de Oeiras. Nove anos estão já passados. Para além das experiências culturais narradas pelas agendas, elas tornam-se ainda matéria para se escrever um dia sobre estes anos em termos de produção e oferta cultural, a exemplo do que Cascais já fez (e aqui noticiado recentemente).
Em lembrança por edições anteriores, coloco as imagens de quatro capas de outras agendas de aniversário.
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