sábado, 18 de março de 2006

O CONTRADITÓRIO SOBRE OS MORANGOS COM AÇÚCAR

No último número da revista pontos nos ii (que acompanhou a edição nº 5830 do Público), um tema foi a série Morangos com açúcar, sobre a qual tenho aqui escrito. A posição da publicação é interessante, pois pegou numa perspectiva que a olha como deseducativa (Alice Vieira, escritora e jornalista) e outra que acha que os pais e professores devem vê-la com outros olhares (Clara Ferrão Tavares, professora do ensino secundário e autora do livro A escola e a televisão: olhares cruzados, 2004).



Alice Vieira escreveu: "o que mais me move contra eles [a série] é a má qualidade do produto". E continua: "Mau ainda a ligeireza com que problemas sérios (geralmente metidos a martelo) são abordados, numa discussão (?) onde só há lamechice e lugares-comuns. [...] aqueles colégios não existem, aquele bar não existe, aqueles professores não existem, aqueles alunos não existem".

A opinião de Clara Ferrão Tavares é oposta: "Mostra escolas bonitas com equipamentos modernos, frequentadas por diferentes grupos urbanos, escolas com projectos, escolas abertas a outros espaços de aprendizagem. Mostra a importância da amizade, da solidariedade, da justiça. Coloca em situação de risco as adolescentes que não cumprem as regras. Mostra situações em que os jovens se apaixonam nem sempre pelas pessoas «certas». Mostra jovens que vão à discoteca, que praticam desportos radicais, que se passeiam pelos centros comerciais. Provoca o aparecimento de blogues e de fóruns e os adolescentes escrevem, mesmo que as regras da escola não sejam seguidas.. e de livros e peças de teatro". E Clara Ferrão Tavares quase conclui assim: "Por favor, pais e professores! Não fechem esta escola, não desliguem a televisão e já agora aproveitem para espreitar para esta escola".

O blogueiro regista esta dissidência e reflecte sobre os pontos de vista de Clara Ferrão Tavares. Nunca pensara assim, e há lógica no que ela escreve.

4 comentários:

Stranger disse...

Eu concordo com a Professora Doutora Clara Ferrão, da qual tenho o prazer de ser aluno,no sentido em que se focam naquela escola alguns problemas da escola e abertura dos espaços de aprendizagem.Na escola aprende-se cada vez menos.Cada vez mais só aprende quem quer,quem navega na internet,quem lê livos,partilha opiniões e não se prende ao espaço escola para "crescer".

Anónimo disse...

Antes demais devo dizer que sou uma aluna da idade da qual supostamente os Morangos com Açúcar querem retratar, e como é óbvio estou de acordo com Alice Vieira. Os Morangos com Açúcar para além de não focarem o que realmente interessa, focam o consumismo, futilidade, etc., e ainda vendem uma vida totalmente ficcionária, manipulada, etc. Os problemas reais, dos adolescentes reais, são supostamente, pois nada se compara, retratados por umas bestas que tem um corpo perfeito, e usam a roupa da moda, ou seja, os problemas reais, a VIDA REAL é manipulada para vender... Acho muito triste que milhares de jovens se prendam diariamente a uma telenovela
que se limita a mostrar flash's e as mesmas mensagens que são ditas numa publicidade. Estes jovens são atraídos para esta telenovela pois esta é uma forma de eles se 'refugiarem' da sua vida real, e ficarem a sonhar por momentos como seria viver aquela realidade, que é ficcionária e que não existe!

Massapreta disse...

Concordo com a Carolina em certos aspectos mas com a Professora Doutora Clara Ferrão noutros. É certo que tal como cita a Carolina a série televisiva é ficcional e manipuladora mas por ser manipuladora é que é de elevada importância para esta sociedade. Actualmente os pais têm certos "problemas" em se relacionarem com os filhos e apelidá-los de "rebeldes" e a meu ver a série Morangos Com Açucar veio facilitar a aliviar esse mesmo desentendimento pois como se sabe não são unicamente os filhos que vêm a série televisiva. Talvez aja jovens que abusam e que chegam ao limite, mas existe outros que apenas precisam que sejam "escutados" e esta série proporcionou isso mesmo além de que se tornou numa ferramente bastante importante para a divulgação de certos perigos que os jovens se vêm ou podem-se ver confrontados no dia a dia...

Anónimo disse...

Eu discordo em absoluto da Clara. Tudo tem um ar artificial, não há escolas assim e não sei se são desejáveis. Ningue´m gosta de andar numa escola com aspecto de cenário kitsch de novela venezuelana. Quanto à pertinência dos temas pseudo-formativos, diria que têm tanta credibilidade como a minha pessoa, de seringa espetada no braço a dizer com um ar cool: "Olá fofinhos, como é que estamos de comportamentos de risco hoje? Eu, pessoalmente, protejo-me! Façam como eu que sou contra a partilha de seringas. Uso sempre a minha! Não há pachorra. Concebo a reflexão sobre os fenómenos eos contextos educativos no quadro de um tão maltratado bom senso (E, já agora, bom gosto).