quarta-feira, 22 de março de 2006

TESE DE CARLA GANITO DEFENDIDA NA UCP

Desde hoje de manhã mestre pela UCP, Carla Ganito apresentou uma tese subordinada ao tema O impacto da mobilidade na indústria de conteúdos. Tendências de entretenimento móvel em Portugal.

Na apresentação, ela dividiu o seu trabalho em quatro partes: introdução, metodologia e enquadramento, análise de resultados e conclusões. Com uma estrutura invejável de trabalho, Carla Ganito enunciou: 1) objecto de estudo, o entretenimento móvel enquanto actividade de lazer com recurso a tecnologias pessoais e em rede, 2) objecto, o telemóvel, o meio de maior disseminação, com convergência entre comunicação e computação, multifuncional e ferramenta para a indústria de conteúdos, 3) objectivo, o impacto do telemóvel em Portugal, 4) problemática, relação entre mercado, telecomunicações e indústria de conteúdos, 5) hipótese, entretenimento móvel como impacto na indústria de conteúdos em Portugal.

Se, na fundamentação teórica, a autora escolheu fundamentalmente Marshal McLuhan (eliminação de disparidades temporais e barreiras geográficas, transformação dos consumidores em produtores, metáfora de aldeia global) e Manuel Castells (espaço de fluxos e tempo atemporal), em termos de metodologia escolheu a perspectiva científica perspectivista e de carácter exploratório, com métodos qualitativos. Fez dois estudos de caso (empresas YDreams e Direct Mobile) e efectuou entrevistas aprofundadas com diversos players da área de estudo, incluindo aquelas empresas, operadores de telecomunicações e empresas produtoras de equipamentos e de conteúdos.

Carla Ganito definiu cinco categorias de entretenimento móvel: jogos, música e toques, imagem e vídeo, media, e conteúdos para adultos. Caracterizou ainda estas áreas como começando em 1999, com o WAP, com ainda baixa penetração no mundo, excepto no Japão, com poucas barreiras à entrada e domínio da distribuição e promoção por parte dos operadores móveis. No caso português, ela detecta uma evolução de um mercado de pequenas empresas para uma consolidação (concentração) a partir de 2004. Em áreas como a música e os jogos, o negócio é de cariz internacional, enquanto os grupos de media, caso dos canais de televisão, assumem uma posição importante na cadeia de valor destas actividades.

Tomei nota de quatro pontos essenciais na análise efectuada por Carla Ganito: 1) novo contexto induzido pelo telemóvel, com conteúdos a se adaptarem ao meio, 2) bem de experiência (economia de atenção), 3) indústria fresca, 4) economia de informação, e 5) constrangimentos (domínio dos operadores, dificuldade de acesso a capitais, focagem na tecnologia e não no consumidor, indústria emergente). Já em termos de conclusões, elenquei sete: 1) o entretenimento móvel é uma área prioritária (12% do negócio pertence já aos toques), 2) terminal do entretenimento móvel é o telemóvel (a autora não estudou o mercado de videojogos), 3) domínio dos operadores, 4) papel relevante dos grupos de media, em especial os canais de televisão, 5) necessidade de cooperação entre operadores e grupos de media, 6) o que é novo é a possibilidade de chegar a uma pessoa e não a um lugar, e 7) a indústria de conteúdo não é remédio para as dificuldades das comunicações móveis, agora que o mercado da voz já está saturado.

Carla Ganito é professora na licenciatura de comunicação social e cultural da Universidade Católica Portuguesa. A sua dissertação teve orientação científica do professor Fernando Ilharco. Espero que o trabalho hoje brilhantemente defendido tenha conhecimento público, em forma de livro, artigos e entrevistas nos media clássicos como os jornais. Pela apresentação de hoje, o tema e o modo como foi abordado merecem esse destaque público.

[som da apresentação da dissertação
aqui]

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