À VOLTA DOS MORANGOS COM AÇÚCAR, UMA VEZ MAIS
A capa da Visão da última quinta-feira era dedicada à série da TVI. Ontem, na sua coluna do Diário de Notícias, Nuno Azinheira retomava o tema.
Vejamos, em primeiro lugar, os títulos e os destaques (ou leads). Para a Visão, em "A geração MORANGOS", "Todos os dias, meio milhão de jovens portugueses não perde a sua dose de histórias com sexo, droga e traição. O que tem a novela que os mais novos adoram"? No Diário de Notícias, ao título "A desculpabilização dos pais", o lead era: "É fácil acusar a televisão de deseducar os jovens. É verdade que os programas que nos entram pela casa adentro não são um modelo de virtude; mas apontar o dedo à TV é apenas aliviar consciências".
Nuno Azinheira demarca-se do "coro de assobios e apupos" das cabeças pensantes do país. Apesar do jornalista ter esse direito, basta olharmos para a capa da Visão e vermos uma outra perspectiva. Claro que há um outro objectivo na Visão, embora eu não o entenda como intencional: a chamada de atenção para uma série que arrancará em breve na SIC, e que vai disputar o território dos Morangos, pode despertar interesse por parte dos leitores da revista. Assim, uma série funcionaria como chamariz para a outra.
Se o texto de Azinheira é uma reflexão sociológica em coluna de jornal, a peça assinada por Luísa Oliveira, com Paula Cardoso, é uma reportagem impressionista da série, ou melhor, da produção da série. Em que se ouvem os argumentistas e algumas das "estrelas" da série. Os argumentistas (cinco a seis) passam o seu dia-a-dia numa vivenda com piscina, "algo isolada e silenciosa", escrevendo os episódios com 40 dias de antecedência (estão agora a escrever o especial férias da Páscoa). A booker Vanessa Carmo fala das vantagens dos actores virem de agências de modelo, pois já trazem formação e a experiência da publicidade. E o director-geral da TVI, José Eduardo Moniz, fala da série, já com dois anos e meio de sucesso, e diz haver um estudo pormenorizado dos "comportamentos e maneirismos da juventude".
O sucesso não está apenas no meio milhão de jovens que vêem a série e não trocam os Morangos por nada do mundo. Está, como explica no Diário de Notícias Nuno Azinheira, no fenómeno do merchandising: venda de discos, livros, material escolar. E nas peças de teatro e nos concertos, acrescento eu.
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