segunda-feira, 3 de abril de 2006

OS PRIMÓRDIOS DO CINEMA EM PORTUGAL

A proposta de Tiago Baptista, da Cinemateca Portuguesa - Cinema dos primeiros tempos: uma esfera pública alternativa? -, assentava no seguinte ponto de partida teórico: a dicotomia entre cultura de massas e indústrias culturais, servindo-se de três perspectivas (indústrias culturais, da escola de Frankfurt, e espaço público, em Habermas; teorias da comunicação, em Dominique Wolton; críticas feministas).



O autor olha o cinema de múltiplas perspectivas, caso das frequências e da organização do espectáculo cinematográfico e dos esforços de auto-regulação da oferta do cinema. Tiago Baptista demonstra o progressivo domínio narrativo do cinema e a construção da figura do espectador, indo da plateia enquanto filas de grupos e recepção inicial tumultuosa, apelando ao contexto material [ouvir os sons da conferência e do debate].

Logo em meados dos anos 1910, nasce uma política censória dos filmes, não em termos políticos mas em termos de costumes. O cinema poderia ser um escape ou um meio educativo mas era olhado também como um escola do crime. A imprensa da época e os registos dos tribunais da época mencionam um aumento da criminalidade atribuido à ida ao cinema, com os espectadores a serem muito influenciados pelo que viam no ecrã.



O roteiro de Tiago Baptista inclui os projectos de cinema educativo (cinema na escola), a análise dos debates parlamentares e a legislação sobre censura de filmes, bem como a cobertura negativa da imprensa generalista ao invés da imprensa especializada. Os jornalistas das publicações dedicadas ao cinema esforçavam-se por realçar o valor pedagógico dos filmes, pois mesmo que houvesse a narrativa de um crime violento, os que o praticavam eram condenados no final do filme.

Na comunicação feita hoje ao final da tarde na Universidade Nova de Lisboa, Tiago Baptista referenciou algumas das monografias escritas sobre cinema em Portugal nas primeiras décadas, caso dos textos de Mendes Correia, Agostinho de Campos, Mário Gonçalves Vianna, António Ferrão e Mário de Vasconcelos.

No vídeo seguinte, Luís Trindade, investigador do Instituto de História Contemporânea, explica o ciclo Cultura de massas em Portugal no século XX, uma iniciativa do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (Universidade de Coimbra) e do Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa).


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