sábado, 8 de julho de 2006

URGÊNCIAS

Urgências 2006 são onze peças curtas, de duração entre 10 e 15 minutos, grupo muito homogéneo em termos de autores, a maior parte deles nascidos em 1974 e 1975, a geração da democracia política em Portugal.

Trata-se de um grupo de autores já afirmados, nomeadamente a partir das Produções Fictícias, de Nuno Artur Silva e associados da empresa, e responsáveis por êxitos como Contra-Informação e textos de Herman José (televisão), O Inimigo Público e Kulto (imprensa) e o recente Portugalex (Antena 1).

Já o resultado é variado, a começar pelos géneros das peças: sátira, comédia, textos mais sérios, experimentalismo. E a continuar pelo tratamento das peças, que divido em duas partes, não coincidentes com o intervalo. As primeiras peças têm uma leitura mais caótica, onde nem sempre foi possível entender as palavras. Talvez a ideia tivesse sido a de um mundo caótico, cheio de informações e ruídos e onde as relações pessoais nem sempre se pautam pela harmonia.

O palco do Maria Matos, quase despido, aparece dividido (igualmente) em duas partes em termos de profundidade, desenrolando-se as cenas cada vez mais para o fundo do palco. No começo, os actores surgiam mesmo antes da cortina. Histórias comuns, de pessoas comuns, reflectindo a modernidade das situações. Elejo Trabalhador independente, de Nuno Costa Santos, Mulher sem memória e História de Babbot, de Patrícia Portela, e Urânia, Plutónia e Babushka, de Pedro Rosa Mendes. O papel de Tiago Rodrigues é essencial. Dos mais novos do grupo (tem 29 anos), destaca-se no triplo papel de autor, actor e encenador. A sua presença no palco é empolgante e electrizante.

O livro das onze peças, agregando ainda mais seis das Urgências de 2004, está publicado em edição da Cotovia (será lançado no próximo dia 13 de Julho, pelas 18:00, no teatro Maria Matos). No livro lê-se o conceito de urgências: "uma escrita e uma representação sobre o presente, com um sentido de urgência no mote - «o que é que tens de urgente para me dizer?» - e no método". No prefácio, Tiago Rodrigues indica que a ideia é "uma reunião anual de dramaturgos e actores no reinventado Teatro Maria Matos a pensar juntos sobre o que pode ser um teatro urgente, um teatro de hoje. E a fazê-lo".

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