EU COMPRO IMPRENSA ESCRITA
No passado dia 3, quando aqui escrevi sobre as contas do Público respeitantes a 2005, e embora sabendo que estava em curso uma remodelação gráfica, seguindo o britânico Guardian, um excelente modelo, não imaginava as alterações que estão a decorrer dentro do jornal, como divulga hoje o Diário de Notícias. Embora não confirmado pelo director do Público, consta-se haver 50 pessoas despedidas. O director, José Manuel Fernandes (JMF), apenas indica que há pessoas que o jornal propôs a rescisão, outras foram contratadas e outras ainda sairam de livre vontade. Certa é já a saída de Carlos Rosado Carvalho, um dos editores de economia.
O Público nasceu em 1990 e o director pretende uma refundação, conforme indica o Diário de Notícias. Razões principais: a quebra de vendas e de publicidade. JMF destaca a perda de 4391 leitores no primeiro trimestre deste ano, com vendas na casa dos quase 45 mil exemplares diários. A acontecer tal, os prejuízos serão de 2,2 milhões de euros. Das mudanças, os suplementos "Y" e "Mil Folhas" serão aglutinados num só (hoje, o meu exemplar não trazia o "Y", não sei se por erro ou se a medida já foi implementada). E a relação entre a edição em papel e em online será repensada (actualmente os custos de acesso ao online são elevados, em comparação com outras publicações diárias e de igual qualidade na Europa).
Há uma frase no texto assinado por Marina Almeida e Sónia Correia dos Santos que me deixa a pensar. Diz JMF: "Em Portugal vendemos, per capita, metade dos jornais diários que se vendem na Turquia, o que não é bom. A crise é mundial e em Portugal ainda é mais grave porque temos uma base muito pequena".
Isto, a meu ver, é dramático. Se um país lê poucos jornais, tal significa pobreza (intelectual, económica, de participação cívica). Por muitas televisões de ecrã plano ou telemóveis de terceira geração que o país se ufane de possuir, isso não quer dizer riqueza, quando o índice de leitura de jornais é baixo. Quer dizer exactamente o contrário, porque os investimentos são feitos do lado errado, da vaidade e da exposição perante os próximos, de um pretenso poder de compra que não temos.
EU COMPRO JORNAIS EM PAPEL. Procuro informar-me, ler opiniões contraditórias porque expressam pontos de vista diferentes. Qualquer outro meio, incluindo os jornais gratuitos, não me dá a densidade e a profundidade de leitura que é necessário para se formar uma opinião.
Observação: também valeria a pena saber o que os outros jornais estão a planear. Certamente a crise atinge todos, em quebra de vendas e em publicidade.
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