Luísa Ribeiro defendeu dissertação de mestrado na Universidade do Minho, com o título O poder dos meios - análise das condições de produção jornalística no Correio do Minho e no Diário do Minho.
O trabalho, um contributo para o estudo da imprensa regional, procura entender o modo como os meios materiais e humanos influenciam a agenda dos jornais, numa altura em que, do lado das fontes de informação, há uma crescente profissionalização.
A autora, que é jornalista profissional em Braga, conclui que os dois diários têm linhas editoriais diferentes e possuem estruturas empresariais diferentes, mas apostam igualmente na criação de condições de modernização e boa performance junto dos seus leitores, anunciantes e trabalhadores. Profissionalização e parcerias estratégicas são duas posturas comuns a ambos os jornais. A divisão por editorias no Correio do Minho e a redacção como um todo, mais centralizada, no Diário do Minho, a relação entre jornalistas e fontes (a que Luísa Ribeiro dedicou bastante espaço) e o acesso de pessoas não conhecidas à primeira página dos jornais foram alguns dos temas investigados.
Com base em inquérito, a autora conclui que 83% dos jornalistas daqueles diários de Braga têm formação universitária e 47,82% do total ganha entre 750 e 1000 euros. Dada a proximidade entre redacção e meio residencial reportado há, simultaneamente, maior conhecimento da realidade e maior constrangimento (todos conhecem todos).
Quanto a edição, o Correio do Minho tem 10 mil exemplares diários mais 3500 em assinaturas, enquanto o Diário do Minho publica 9 mil exemplares e 4600 em assinatura. O primeiro jornal tem 17 jornalistas e o segundo um corpo de 44 funcionários (jornal e gráfica), além de outros 20 colaboradores na agência de publicidade própria.
Em termos de metodologia, a investigadora analisou as primeiras páginas dos dois jornais (313 chamadas em 32 edições, de 1 de Maio a 1 de Junho de 2005) e inquiriu 36 jornalistas (obtendo 23 respostas, ou 63,88%).
Por curiosidade, retiro do livro de Ana Cabrera muito recentemente editado (Marcello Caetano: poder e imprensa), alguns dados respeitantes aos jornais minhotos de um período bem mais antigo do que o estudado por Luísa Ribeiro. Assim, em 1974, o Diário do Minho tinha seis jornalistas e o Correio do Minho apenas um, ilustrando recursos humanos muito fracos (página 147). E, quanto a salários, nos então designados jornais locais Correio do Minho e Diário do Minho, pelo ACT de 1961 um chefe de redacção ganhava 29,5% do seu colega de um jornal de grande expansão como o Diário de Notícias ou o Século. Já um redactor em Braga auferia 33% do salário de um colega exercendo as mesmas funções em Lisboa (página 152). Não sei como é hoje, mas não haverá uma diferença tão acentuada, sinal da prosperidade económica e cultural das cidades e das regiões e da independência dos media de proximidade.
1 comentário:
Entre o emissor e o receptor nunca deveria haver códigos que não retratam a verdade....ao invés, por vezes, o intuito é somente o lucro....
Gostei do blog.
Abraço
Paulo
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