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Em João Mário Grilo há uma paixão visível pelo cinema, na relação deste com o mundo e a matéria (mau-grado a fragilidade da película, existe a possibilidade de registar mas não manipular como o vídeo) (p. 73) e na distinção cinema-filme, feita ao longo do livro, que alberga um lugar destacado a autores como Pasolini, Deleuze e Godard.
Saliento o capítulo dedicado a Eisenstein e ao advento do sonoro (pp. 87-107), da passagem daquele cineasta pelos Estados Unidos e pela incapacidade de adaptação ao cinema de An American tragedy, crítica que João Mário Grilo justifica quando escreve o capítulo "O cinema não filma livros" (pp. 108-112). Também a nouvelle vague (pp. 113-123) é tema de outro pequeno ensaio, a que se juntam mais, publicados em revistas e em catálogos de retrospectivas.
Quero ainda realçar o abecedário (pp. 43-58), onde curtas definições situam o autor: arte dos cineastas, escola portuguesa (anos Gulbenkian, lei do cinema de 1971) e cinematografia da não ilusão (que busca no título de outro livro seu), composição, horário, indústria, montagem, televisão. Da indústria, João Mário Grilo fala da obsessão deprimente das políticas culturais europeias por Hollywood; da televisão, menciona o campo de concentração instalado em casa.
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