domingo, 26 de novembro de 2006

APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE LUÍS TRINDADE


Conforme havia escrito aqui, foi ontem ao fim da tarde apresentado o livro de Luís Trindade 1ªs páginas. O século XX nos jornais portugueses. Livro comentado por mim em mensagem datada de 24 de Setembro último, a apresentação por Fernando Rosas e Mário Mesquita, ambos professores universitários muito conhecidos, enriqueceu bastante a compreensão do texto publicado, abrindo mesmo o apetite para a sua leitura.

Para Fernando Rosas (Universidade Nova de Lisboa), o livro não é sobre História, na habitual concepção do termo, mas combina História com Comunicação, preferindo designá-lo por ensaio, no qual encontra três ideias fulcrais. A primeira relaciona-se com o que Luís Trindade chamou de jornalismo de informação, uma nova modalidade de jornalismo que sustenta a modernidade: capitalismo, massificação e urbanização. A segunda ideia é a do jornalismo enquanto manipulador e construtor de uma realidade (tema retomado por Mário Mesquita, observável no terceiro vídeo), enquanto a terceira ideia se ocupa da explanação das novas tecnologias, exemplificadas na rotativa, na fotografia e na publicidade (primeiro vídeo de Rosas). Ainda sobre o livro, o mesmo orador encontra duas perplexidades (segundo vídeo): 1) o estudo dá pouco relevo à cor política dos jornais, 2) há um igual esbatimento quanto ao peso da censura durante o regime do Estado Novo [as minhas desculpas pelo enquadramento de Fernando Rosas; do ângulo onde eu estava, ele ficou encoberto por um livro destacado na mesa].

Já Mário Mesquita (Escola Superior de Comunicação Social) (para além de "responder" a Fernando Rosas sobre a comparação da História com o Jornalismo, patente no terceiro vídeo) preferiu falar de conceitos mais gratos a esta segunda ciência, como as ideias de objectividade e transparência. Os seus comentários sobre a primeira página enquanto dispositivo (quarto vídeo) merecem ser apreciados. Para Mesquita, há duas concepções quanto à primeira página. Ela tem valor literal (inicia um conjunto de páginas), mas também é um dispositivo autónomo (no quiosque, um leitor pode apreciar a primeira página e, com isso, obter informação; mas, ao não comprar, fica sem saber o conteúdo das restantes). A primeira página tem uma topografia própria com três áreas: escrita, icónica e para-icónica (grafismos, titulagem, publicidade). Ao apreciar a distinção introduzida por Luís Trindade quanto aos tipos de jornalismo na época do Estado Novo - oficial (caso do Diário da Manhã), oficioso (caso do Diário de Notícias) e de oposição (casos do República e do Diário de Lisboa), o professor de Jornalismo encontra um quarto tipo, o clandestino.

Os dois últimos vídeos mostram comentários e respostas do autor do livro às sugestões dos dois apresentadores.





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