Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 26 de novembro de 2006
APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE LUÍS TRINDADE
Conforme havia escrito aqui, foi ontem ao fim da tarde apresentado o livro de Luís Trindade 1ªs páginas. O século XX nos jornais portugueses. Livro comentado por mim em mensagem datada de 24 de Setembro último, a apresentação por Fernando Rosas e Mário Mesquita, ambos professores universitários muito conhecidos, enriqueceu bastante a compreensão do texto publicado, abrindo mesmo o apetite para a sua leitura.
Para Fernando Rosas (Universidade Nova de Lisboa), o livro não é sobre História, na habitual concepção do termo, mas combina História com Comunicação, preferindo designá-lo por ensaio, no qual encontra três ideias fulcrais. A primeira relaciona-se com o que Luís Trindade chamou de jornalismo de informação, uma nova modalidade de jornalismo que sustenta a modernidade: capitalismo, massificação e urbanização. A segunda ideia é a do jornalismo enquanto manipulador e construtor de uma realidade (tema retomado por Mário Mesquita, observável no terceiro vídeo), enquanto a terceira ideia se ocupa da explanação das novas tecnologias, exemplificadas na rotativa, na fotografia e na publicidade (primeiro vídeo de Rosas). Ainda sobre o livro, o mesmo orador encontra duas perplexidades (segundo vídeo): 1) o estudo dá pouco relevo à cor política dos jornais, 2) há um igual esbatimento quanto ao peso da censura durante o regime do Estado Novo [as minhas desculpas pelo enquadramento de Fernando Rosas; do ângulo onde eu estava, ele ficou encoberto por um livro destacado na mesa].
Já Mário Mesquita (Escola Superior de Comunicação Social) (para além de "responder" a Fernando Rosas sobre a comparação da História com o Jornalismo, patente no terceiro vídeo) preferiu falar de conceitos mais gratos a esta segunda ciência, como as ideias de objectividade e transparência. Os seus comentários sobre a primeira página enquanto dispositivo (quarto vídeo) merecem ser apreciados. Para Mesquita, há duas concepções quanto à primeira página. Ela tem valor literal (inicia um conjunto de páginas), mas também é um dispositivo autónomo (no quiosque, um leitor pode apreciar a primeira página e, com isso, obter informação; mas, ao não comprar, fica sem saber o conteúdo das restantes). A primeira página tem uma topografia própria com três áreas: escrita, icónica e para-icónica (grafismos, titulagem, publicidade). Ao apreciar a distinção introduzida por Luís Trindade quanto aos tipos de jornalismo na época do Estado Novo - oficial (caso do Diário da Manhã), oficioso (caso do Diário de Notícias) e de oposição (casos do República e do Diário de Lisboa), o professor de Jornalismo encontra um quarto tipo, o clandestino.
Os dois últimos vídeos mostram comentários e respostas do autor do livro às sugestões dos dois apresentadores.
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