Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quarta-feira, 1 de novembro de 2006
A MEDIA CAPITAL VISTA ATRAVÉS DA PRISA
Nos dias mais recentes, a Prisa lançou uma OPA sobre a Media Capital (cuja jóia da coroa é o canal de televisão TVI). Em conferência de imprensa realizada, Juan Luis Cébrian (conselheiro-delegado da Prisa) disse que o objectivo da Prisa é estratégico, tornando a Media Capital um grupo global de meios de comunicação de língua portuguesa (a Prisa está igualmente presente na editora Santillana e nas brasileiras Moderna e Objetiva).
A razão directa pela qual a Prisa lançou a OPA é a nova legislação portuguesa (a entrar proximamente em vigor), que aplica critérios retroactivos em determinadas situações, o que vai contra os acordos estabelecidos entre a Prisa e Paes do Amaral e o sócio deste, Nicolas Berggruen. A Prisa pode mesmo levar a situação a tribunal, se o considerar oportuno. O preço por acção proposto pela Prisa é €7,40, apesar de Cébrian achar que o preço oferecido ser superior 20 a 30% do valor real das acções da Media Capital. Contudo, justifica o interesse em controlar a empresa (no dia em que se anunciou a intenção de compra da Media Capital, as acções valorizaram e passaram para €8,30). Caso a Prisa passe a controlar a totalidade das acções, o desembolso ascenderia a €416 milhões, embora considere suficiente o controlo de 90%.
Faz agora um ano (8 de Novembro de 2005) que a Prisa comprou 33% do capital da Media Capital, com a opção de exercer a compra de mais 12 a 13% das suas acções. A gestão da Media Capital é, desde então, controlada por Manuel Polanco, conselheiro da Prisa. Os outros accionistas de referência são o grupo luxemburguês RTL (33%), Miguel Paes do Amaral (13%, também pertencentes ao sócio Nicolas Berggruen), Caixanova (4%), UBS (3%) e JP Morgan (2%).
A Media Capital é o grupo de meios mais diversificado e completo em Portugal. Para além da posse da TVI, líder em audiência e quota publicitária, e da produtora de televisão NBP, criadora das séries de maior êxito, possui no seu portfólio estações de rádio (Comercial, por exemplo), portais da internet e publicidade exterior. Nos primeiros nove meses de 2006, a Media Capital teve um lucro de €10,9 milhões (mais 8% relativamente a período homólogo em 2005) e €129,1 milhões de investimento publicitário (mais 6% face a igual período de 2005). Em termos de audiências, a TVI liderou durante o ano, quer em termos de dia inteiro (35,6%) e com share de 40,1% no prime-time .
Entretanto, na área das novelas infanto-juvenis, a nova série Doce fugitiva (a história de uma falsa freira), emitida pela TVI, destronou a série da SIC, Floribella, que, por sua vez, relegara para posição secundária a série Morangos com açúcar, da mesma TVI, o que significa a recuperação da liderança, por esta estação, numa área actualmente importante na programação dos canais comerciais.
[dados trabalhados a partir de informações da Prisa; agradecimentos a Fernando Paulino, o "correspondente" do Indústrias Culturais em Sevilha]
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Prisa.....¿Demandó al Estado Portugues?
Enviar um comentário