Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 11 de fevereiro de 2007
ROCKY BALBOA
A personagem interpretada por Silver Stallone em Rocky Balboa, um pugilista reformado que retorna ao ringue de combate, é tosca nos modos de andar e de falar. Actor de quem nunca apreciei muito o seu trabalho, e preparando uma sequela de Rambo (para 2008) - para além da própria sequela Rocky -, há que ver mais fundo e procurar encontrar um significado para a história que o próprio Stallone escreveu, realizou e interpretou.
Como escreveu Eurico de Barros esta sexta-feira na revista "6ª", Stallone "em criança teve uma paralisia facial que lhe afectou a fala e o tornou no saco de pancada dos colegas da escola, que sonhava com super-heróis e começou a fazer musculação", sobre a qual escreveu um livro, para além de lançar vitaminas e comprimidos de dieta e fundar uma revista de estilo de vida, de duração mais que efémera.
Rocky, o veterano que regressa para combater o campeão dos pesos pesados Mason "The Line" Dixon, é, no fundo, um bonacheirão que amou a mulher (falecida por cancro) e procura a compreensão do filho, dele afastado por causa da fama do nome, enquanto ajuda os amigos no simpático restaurante que possui em Filadélfia.
Há momentos distintos no filme, indo da melancolia (recordação de espaços do passado) a uma acção vertiginosa (combate em Las Vegas entre o antigo e retirado campeão e o detentor actual). O ritual do combate (músicas que acompanham cada pugilista, passagem por entre os espectadores até ao ringue, palavras de incentivo) é, aliás, um dos momentos mais penetrantes da ideologia da luta corporal. Por vezes, é muito moralista (aconselha e apoia alguns jovens a par de mais velhos), a cara inamovível não mostra os sentimentos que lhe vão no pensamento.
Stallone é, como Rocky, um resistente. Após um período de grande glória nos anos 1970 e 1980, os projectos cinematográficos mais recentes de Stallone têm tido dificuldades em ver a luz do dia. O seu filme não tem a profundidade do de Clint Eastwood, Million Dollar Baby, mas existem pontos de referência comuns: a dureza das vidas e a luta por um lugar ao sol, os conselhos mentais e pedagógicos dos treinadores junto das jovens revelações do pugilismo, como se estivessem a representar a figura paternal, para além do cultivar da força física necessária para os combates.
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2 comentários:
Por vezes muito belo na sua melancolia, outras vezes banal, a verdade é que "Rocky Balboa", na sua essência, é uma tocante tentativa de ressureição de Stallone.
e se atentativa era de ressurreicao de Stallone...conseguiu...muito bom filme
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