Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quarta-feira, 2 de maio de 2007
TELEVISÃO, ELEIÇÕES E POLÍTICA
O debate entre Ségolène Royal e Nicolas Sarkozy - seguido pelo cabo, na TV5 - deixou-me muito admirado, pela positiva.
Primeiro pelo dispositivo televisivo: dois jornalistas que apenas introduziam os grandes temas e informavam os tempos de cada candidato durante o debate, enquanto árbitros sem intromissões, a que se juntou um trabalho sóbrio das câmaras televisivas.
Segundo: os candidatos falaram olhos nos olhos, com grande parte do tempo em tom quase de sussurro, excepto por volta dos cem minutos. Noto que foram quase 150 minutos de debate, com ausência de copos e de água e de provocações (ao contrário do que se costuma ver nos debates nacionais).
Depois, pelas ideias: debate político, a grande política, as fortes interpelações, as convicções profundas, mesmo se o telespectador não concorde. Exemplos: o não à adesão à UE da Turquia pela parte de Sarkozy, o referendo à constituição europeia por parte de Royal, as perspectivas face aos Jogos Olímpicos na China. E a comunhão dos dois face a problemas concretos: a ameaça à paz pelos actuais dirigentes do Irão.
Quarto: o escalonamento das prioridades políticas. O tempo gasto em torno dos reformados (e promessas consequentes) significa que está ali uma fatia importante do eleitorado a conquistar, quiçá o mais indeciso no momento. E as questões da segurança das fronteiras ocupou também uma fatia importante do debate, prova da importância do tema em França.
Eis a política, a grande e nobre política.
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1 comentário:
Concordo em absoluto.
Jornalistas com postura contida, como deve ser (afinal de contas não se trata de uma entrevista) e com a atitude correcta - interrompiam quando necessário com talento/experiência/educação.
Políticos adversários mas com muito pouca inclinação para deslizes no sentido dos ataques pessoais (imagino, naturalmente, que alguém lhes tenha dito que isso não colhe com o eleitorado nacional mas, mesmo assim, torna tudo muito mais correcto e muito mais centrado nas questões sérias).
Foram mais de duas horas e passaram num instante...
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