Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 3 de junho de 2007
ORTOGRAFIA
Lídia Jorge, no magnífico texto editado no Público de hoje [imagem retirada da edição electrónica do jornal], não diz directamente a razão principal que a levou a escrever sobre ortografia mas é sobre a recente prova de português nas escolas do secundário em que se considerou menos importante a apresentação de erros ortográficos e mais importante a colocação de ideias, expressão e criatividade. Não parece, lendo atentamente o texto, que ela esteja contra o que aconteceu, mas escreve sobre o facto. Embora eu não julgue que ela defende a melhor posição, dada a ambiguidade da sua posição, considero um belo texto que merece ser analisado e comentado.
Primeiro, o título: ortografia enquanto impressão digital. Depois, a ideia da caligrafia bonita - que entende não se voltar a empreender na actividade escolar - aliada à ortografia. Aqui, Lídia Jorge deve ter razão. Eu aprendi caligrafia bonita e agora ela esta deformada. Será pelo uso do computador? Em terceiro, é possível que qualquer pessoa faça um erro ortográfico, mesmo um professor de português, no que a escritora chama um ponto de partida realista e não de humildade. Aqui, no blogue, já escrevi erros, dos quais me apercebi mais tarde, quando me chamam a atenção ou quando releio casualmente. Quarto, e talvez mais importante, o registo escrito está a mudar pela influência do audiovisual e devido ao auxílio dos correctores automáticos dos computadores. Aqui, contudo, uma ressalva: o computador pode corrigir o que está correcto mas ele ignora, após consulta de todo o léxico armazanado (por exemplo, se eu escrever editora Vega, o corrector passa logo para Veja).
Mas, e apesar de todo o texto - e como a própria escritora admite e publica -, custa muito ler lilaz (e não lilás), acessor (e não assessor), andasse (e não anda-se) ou á (e não há).
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