domingo, 1 de julho de 2007

CONSUMO EM APPADURAI


Appadurai escreve sobre consumo, entendendo que este só se torna perceptível quando surge a ostentação. Por outro lado, o consumo é habituação através da repetição. O centro das práticas do consumo é o corpo, por exemplo o comer.

O consumo contribui para um marcador fenomenológico do tempo que o trabalho deixa de fora. O consumo vê-se como intervalo necessário entre períodos de produção. Ou seja, o consumo é o marcador temporal do lazer, do tempo fora do trabalho, é a função civilizadora da sociedade pós-industrial. O consumo torna-se uma forma séria de trabalho, se por trabalho entendermos a produção disciplinada dos meios de subsistência do consumidor. Claro que nasce um paradoxo: as férias são atulhadas de actividades.

Se um sistema de consumo procura libertar-se desse hábito e repetição, ele é empurrado para a estética do efémero, com as características de consumo, moda e prazer. A chave das modernas formas de consumismo é o prazer, não o lazer ou a satisfação. O efémero é a disciplina do consumidor moderno. O consumo cria tempo mas o consumo moderno substitui a estética da duração pela estética do efémero.

Appadurai reflecte sobre o que chama revolução do consumidor enquanto conjunto de acontecimentos cuja referência principal é a passagem da lei sumptuária para a da moda. Esta é elo entre produção, comercialização e consumo. Em muitas sociedades, importantes ritos de passagem têm marcadores de consumo, agregados em torno da oferta de presentes, caso do Natal.

Leitura: Arjun Appadurai (2004). Dimensões culturais da globalização. Lisboa: Teorema, pp. 95-119

1 comentário:

martinho disse...

Caro Prof. Rogério Santos,
Foi com muito agrado que descobri o seu blog – um sítio inquestionavelmente rico pelo conteúdo dos textos que apresenta.
O seu comentário "Consumo em Appadurai" leva-me de imediato a escrever-lhe, pois há bastante tempo que procuro o livro "DIMENSÕES CULTURAIS DA GLOBALIZAÇÃO", de Appadurai, (em português), mas sem sucesso. Já o procurei nas livrarias, inclusivé a Teorema, donde me dizem estar esgotado e não havendo previsões para nova edição.

Perante isto, tomo a ousadia de lhe perguntar se conhece algum local onde o referido livro se encontre à venda.
Caso contrário, e supondo que o possui, arrisco a perguntar-lhe se seria possível fotocopia-lo (desde que se tratasse de uma edição em português), mesmo sabendo da ilegalidade que isso representa.
As cópias seriam enviadas, por correio, para a minha morada. Obviamente que eu as pagaria, bem como o respectivo envio.

Grato pela atenção.

Com os melhores cumprimentos,
Martinho Dias