Inicialmente, foi uma tese de mestrado em finanças; agora sai sob a forma de livro. Luísa Ribeiro apresenta, em A televisão paga: dinâmicas de mercado em Portugal e na Europa, um instrumento útil de análise da televisão por cabo no país e no mercado mais vasto da Europa a 15 países (antes do último alargamento), agora que se discute com mais interesse a entrada da televisão digital terrestre (switch off do analógico).
Mas o âmbito do trabalho espalha-se por outras áreas que não apenas as das finanças, integrando-se justamente na economia dos media. Pelo que - como a autora refere na introdução - se estudam a convergência do audiovisual e das telecomunicações, se historia a actividade do cabo na Europa e nos Estados Unidos (um dos capítulos mais importantes, para se perceber o modo como uma indústria e toda a sua cadeia de valor crescem e se autonomizam), as tecnologias, a (des)regulação e a procura do mercado de televisão paga. Para ilustrar esta última parte, Luísa Ribeiro fez um inquérito (400 inquiridos).
Como o título do livro indicia, a análise debruça-se sobre a transmissão, mas não sobre a produção de conteúdos nem sobre a programação e a recepção.
No nosso país, a televisão paga arrancou em 1994, quando a TV Cabo (grupo Portugal Telecom) obteve uma licença. No segundo trimestre de 2006, a TV Cabo tinha 1,8 milhões de assinantes, com a área da Grande Lisboa a alcançar 42% do total. A Cabovisão vem em segundo lugar, com uma quota de mercado de 14%. Aliás, coube à Cabovisão oferecer o serviço triple pay em Portugal pela primeira vez: telefone, televisão e internet.
Actualmente, há um amadurecimento do cabo, mas espera-se um crescimento devido à banda larga, ao ADSL e à televisão digital terrestre. É igualmente expectável um aumento de receitas em termos de publicidade.
Tendo como perspectiva a economia dos media, Luísa Ribeiro dedica-se a comparar preços em diversos países europeus. Ela conclui que a Grécia, com um nível de concentração da propriedade dos media semelhante ao português, tem preços mais altos que a média europeia, ao passo que a Itália, com uma concentração maior da propriedade, apresenta preços mais baixos na televisão paga.
Duas observações: a autora deveria ter incluido um glossário de termos e siglas, pois o negócio do cabo é um universo cheio de designações próprias. E noto a ausência de referência a dois livros de economistas que estudaram, nos anos mais recentes, a televisão: Elsa Costa e Silva e Luís Oliveira Martins (ambos editados pela Porto Editora).
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