quinta-feira, 11 de outubro de 2007

UM BLOGUE DE DESPORTO


Ontem, no Blog do Juca, de Juca Kfouri, um blogue sobre desporto muito lido no Brasil, ele colocou um texto de Felipe Augusto Marx intitulado Cadê o pôster do Porto? O texto começa assim:

Meu pai era advogado, mas um dia teve um ataque megalomaníaco e resolveu comprar um restaurante que ficava no mesmo prédio de seu escritório – o Scotch Bar, que foi criado pelos ex-funcionários da casa de chá do antigo Mappin, na Praça Ramos de Azevedo, no Centro Velho de São Paulo.

Dentre os funcionários da casa, havia um tipo inconfundível – o Jaime, que era barman. O Jaime era português, morava há não sei quantos anos no Brasil. Nunca entendi muito bem o que houve, mas aparentemente por um problema com a família, ele perdeu o que tinha em Portugal, e ficou por aqui sem grana, esposa ou filhos. Morava em uma pensão, e por um tempo chegou a dormir no próprio restaurante. Já tinha seus 60 anos.

Era baixo e muito magro. "Feio" é um termo vago e indelicado, mas não me ocorre outro para descrever o seu rosto: pálpebras caídas, nariz grande, queixo fino, e um cabelo bem preto de lado – sabe Deus se não era uma peruca.

Era a imagem da rabugice e do enfado, parecia mesmo um barman de filme noir. Vivia dando corridas em mim e nos meus irmãos quando a gente resolvia remexer no bar – pra mim o uísque do bar era o de menos, eu queria mesmo era ver se tinha Ginger Ale, que de vez em quando eles compravam.

Só tinha uma coisa que era capaz de trazer-lhe algum prazer, alento ou conforto: o Futebol Clube do Porto.

O Jaime era portista até os ossos e comprava um jornal português chamado A Bola não uma mas três vezes por semana (era a periodicidade do jornal) na Banca do Gaúcho, na avenida Ipiranga - tudo pra acompanhar o Porto. Não sei se ele sempre gostou de futebol a esse ponto ou se acompanhar o time do coração dele era a forma de estar ligado à terra-mãe, mas fato é que a sua leitura do jornal, que eu acompanhava meio às escondidas, era o que o deixava melhor. [para ver a continuação do texto procurar no Blog do Juca]

Claro que houve logo comentários. Registo um: [barbosabasket] [Bauru] Parabéns pelo texto, sensibilidade, sou filho de português e meu pai também acompanhava seu Sporting, até pela rádio de Lisboa, que ouvíamos em minha casa, este texto me lembrou muito meu falecido pai. abraços

Pela leitura rápida do blogue brasileiro vê-se o quanto é importante este novo meio de comunicação. Textos ágeis, citações, comentários, prazer e orgulho nos contactos, a indisfarçável tendência clubística. Uma alegria ler estes fãs de um objecto determinado!

Um abraço a Fernando Paulino, "correspondente" do Indústrias em Brasília, e também à Juliana.

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