Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sábado, 17 de novembro de 2007
O DESAPARECIMENTO DOS CINEMAS QUARTETO
Já há bastante tempo que o conjunto de salas de cinema ali à avenida Estados Unidos (Lisboa) se abeirava do encerramento. A crise do pequeno café lá instalado (fecha-não fecha), a "fuga" de distribuidores - que inibia a presença da estreia de filmes - e a perda geral do glamour daquelas salas foram momentos marcantes na sua queda. O proprietário do Quarteto queixar-se-ia disso, li-o há muito tempo. As mesas à entrada das salas haviam deixado de ter clientela que esperava pelo começo do filme ou que discutia os principais momentos do filme visionado logo após a saída. O espaço de tertúlia desaparecera.
Agora, a autoridade das actividades económicas encontra falhas a nível de segurança, nomeadamente os materiais que revestem as salas dos cinemas. Trata-se de uma realidade insofismável. Desde sempre me arrepiou as condições das salas. Mas elas estavam abertas porque a mesma autoridade nunca levantou problemas.
Logo, existe uma boa dose de hipocrisia por parte desta entidade. Os cinemas estavam moribundos, foi apenas encontrar um meio para decretar a sua morte. Isso é eutanásia.
Na memória de muitos cinéfilos, entre os quais me encontro, ficam horas infindáveis de prazer pela visão de fitas e fitas que não passavam nas outras salas. E de educação para o cinema. Os cinemas de bairro ficam mais pobres, confirmando a tendência dos multiplex dos centros comerciais e do home cinema.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Não sabia disto! Quando fechou?
Não é que me admire: uma por uma as casas-de-banho foram fechando e o cheiro a mofo estava cada vez pior.
mas é aí que vou ver os filmes que deixo escpara noutras salas...
É mais uma página da história lisboeta do cinema que morre. Cinéfilo progressivo desde os meus doze anos, com a idade que vou tendo assisto a muitos há muitos anos a funerais de salas de bairro e muitas outras. Desde as salas onde a minha iniciação foi sendo feita (o Paris, o Cinearte. o Europa velho, o Chiado Terrasse, etc.) passando pelo Tivoli, o S. Luís, o Eden, o Condes, o Politema...enfim a ladainha seria longa. É toda uma história que acaba. E isto não é só nostalgia. É uma forma de encarar o cinema que via desaparecendo em favor de de um consumismo por vezes acrítico. E estoua falar dessa entidade um pouco (ou muito abstracta) que é o grande público, esse de que já falava Morin. O Quarteto morreu. Paz à sua alma e a uma forma de dar a ver cinema que já foi.
Carlos Capucho
Durante longos anos o cinema Quarteto foi uma espécie de segunda casa para mim, depois lentamente como a chama de uma vela, a sua magia foi-se apagando, até que o fecharam.
Tal como a cinéfilia vai desaparecendo aos poucos, os cinemas emblemáticos fecham portas.
Reabrir com condições era maravilhoso, mas o público também mudou... parece-me tarefa difícil.
abraço cinéfilo
Durante longos anos o cinema Quarteto foi uma espécie de segunda casa para mim, depois lentamente como a chama de uma vela, a sua magia foi-se apagando, até que o fecharam.
Tal como a cinéfilia vai desaparecendo aos poucos, os cinemas emblemáticos fecham portas.
Reabrir com condições era maravilhoso, mas o público também mudou... parece-me tarefa difícil.
abraço cinéfilo
Enviar um comentário