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Do trabalho enquanto crítico, o mais saliente é o que desenvolve para o cinema. Vindo de um país onde o cinema era uma importante indústria (Alemanha), é convidado a colaborar na revista Íris em 1947. O texto que dá nome ao livro de recolha de ensaios sobre o cinema em Rosenfeld, Cinema: Arte & Indústria, é de 1951, tendo sido o primeiro trabalho no Brasil a falar do livro de Horkheimer e Adorno (Dialética do Esclarecimento). Escrevem Nanci Fernandes e Arthur Autran na introdução ao livro de Rosenfeld que a reflexão deste sobre o cinema ocorria num momento de grande desenvolvimento das indústrias culturais em São Paulo (fotografia, indústria fonográfica, renovação e modernização das artes em geral, como a literatura, as artes plásticas, o teatro e a música, a televisão e, em 1949, a criação da Vera Cruz e de outras empresas ligadas ao cinema) (Rosenfeld, 2002: 22).
Nos textos que compõem o volume, Anatol Rosenfeld olha o cinema numa perspectiva sociológica mas igualmente económica, estuda a transição do cinema mudo para o sonoro e a música no sonoro. Dedica um capítulo ao cinema escandinavo, em especial Carl-Theodor Dreyer, e ao cinema americano. Mas os textos mais elaborados teoricamente são o que dá o nome ao livro e "Notas sobre a arte do cinema".
Escreveria Rosenfeld:
- uma história do cinema deve tomar em consideração que o seu objecto é, essencialmente, uma Indústria do Entretenimento, que também faz uso de meios estéticos para obter determinados efeitos e para satisfazer um grande mercado de consumidores, sem visar, todavia, na maioria dos casos, à criação de obras de arte. Seria, portanto, absurdo e infantil condenar os industriais do cinema por criarem raramente uma obra de arte. Uma produção cinematográfica aproveitável de filmes de ficção é impossível sem organização industrial e sem o investimento de consideráveis capitais (p. 35).
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