sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

NOTAS PARA UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO (4)


Em texto editado em 1964, Roland Barthes escreveu sobre um anúncio da Panzani, empresas de massas (republicado no livro O óbvio e o obtuso).

Em Barthes (1915-1980), o signo remete para a relação de dois termos ou elementos [relata] que implicam ou não a representação psíquica de um deles, a analogia, a imediatez do estímulo e resposta, a coincidência e a ligação. Trata-se do significante e do significado.

Olhando para o anúncio a seguir exposto, o autor francês fala de uma primeira mensagem, a linguística, que inclui legendas, rótulos, um código (em língua francesa). O signo Panzani, nome da empresa, reflecte um significado complementar, o de "italianidade". Há, assim, denotação (nome) e conotação (italianidade).

Mas há uma segunda mensagem, a da imagem, fornecedora de uma série de signos descontínuos. Nela vêem-se um saco de rede, tomates, pimentões, cebolas, A imagem mostra um regresso do mercado, a frescura dos produtos prontos para a confecção de uma refeição. Mas a imagem chama igualmente a atenção para cores específicas, no caso o verde, o vermelho e o branco, as cores da bandeira italiana (a italianidade, de novo).

Barthes detecta mais signos: a) o conjunto de objectos diferentes dá a ideia de serviço culinário completo, ou seja, a Panzani garante uma refeição adequada, b) a fotografia tem uma composição estética, parece uma pintura tipo natureza morta.



Barthes refina a sua leitura e fala de três mensagens na fotografia acima representada: 1) mensagem linguística, 2) mensagem icónica codificada, e 3) mensagem icónica não codificada. A icónica não codificada remete, ao mesmo tempo, para a mensagem cultural. Barthes vai mais fundo: a mensagem literal aparece como suporte da mensagem simbólica. Aquela (mensagem literal) é denotada, esta (simbólica) é conotada.

Ora, toda a imagem é polissémica, continua Barthes, implicando que os significados despertam uma cadeia flutuante de significados, que o leitor escolhe ou rejeita. O que leva cada sociedade a desenvolver técnicas para evitar a alteração dos signos - a mensagem linguística é uma delas.


A segunda imagem é retirada do sítio da
Panzani, empresa francesa (sede: Lyon) mas recentemente comprada por um grupo espanhol (Ebro Puleva Ebro Azucarera, sede: Madrid). A italianidade continua muito presente.

Exemplos de vídeos publicitários da Panzani: 1969, Violaine.

Leitura: Roland Barthes (1984). O óbvio e o obtuso. Lisboa: Edições 70, pp. 28-31

1 comentário:

Anónimo disse...

"Em Barthes (1915-1980), o signo remete para a relação de dois termos ou elementos [relata] que implicam ou não a representação psíquica de um deles, a analogia, a imediatez do estímulo e resposta, a coincidência e a ligação. Trata-se do significante e do significado."

e eu, que gosto de o ler, fiquei uma in-significante desanimada com as (suas) notas. Acho que nao entendo
mas persisto.