Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
CULTURA EM RAYMOND WILLIAMS
Na introdução ao seu livro Culture and Society (1780-1950) (1961), Raymond Williams elenca cinco palavras que se tornaram fundamentais desde o século XVIII: indústria, democracia, classe, arte e cultura. Para ele, a entrada na linguagem comum dessas palavras significou mudanças na sociedade e no modo de pensar a vida quotidiana. O esforço de Williams vai, claro, para a palavra cultura, que começara por significar "a tendência do natural crescimento" e, por analogia, o processo de formação humana. Mais tarde, já no século XVIII, tornou-se a cultura de alguma coisa, cultura em si, estado geral do desenvolvimento intelectual, corpo geral das artes. Já no final do século XIX, a cultura transformar-se-ia no todo da vida, material, intelectual e espiritual (ou melhor nas palavras do inglês: a whole way of life).
Ou melhor ainda: se nos concentrarmos nos significados da palavra cultura, diz Williams,elas levam-nos às grandes mudanças históricas sentidas nas palavras indústria, democracia e classe, mas também na relação com a palavra arte. No fim de contas, o sentido mais importante na definição de Williams leva-nos a considerar a cultura como as actividades quotidianas que nos envolvem permanentemente: o que fazemos ou dizemos, o que apreciamos e compramos, a nossa estética e gosto.
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1 comentário:
... A questão pode ser de pensar que é fácil o diálogo cultural, que é fácil nós estabelecermos relações com o outro que é diferente culturalmente em relação a nós. E nao é nem fácil, nem é evidente e necessário que a ponte seja imediata. Há um lugar para a estranheza que é preciso que exista, há um lugar para a estranheza e para a diferença que é preciso que subsista, para que tudo isto não se transforme numa monocultura...
Antonio Pinto Ribeiro, in Câmara Clara, 18 de Maio de 2008
mgf
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