Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
BLOGUES, CIDADANIA E O FUTURO DOS MEDIA
Quem são os blogueiros de topo? Quais as suas características, a qualidade do que escrevem, a qualidade das suas ideias e dos links? Pode uma comunidade de blogues funcionar como entidade jornalística? Será que o seu sucesso, bem como a sua comercialização, vai destruir a atmosfera única que tem hoje? Adoptarão os media tradicionais os métodos dos blogues para manter as quotas de mercado? Como será afectada a cidadania? O blogue é um indicador da participação política? Não fazem os blogues discriminação das suas fontes?
Eis um conjunto pertinente de perguntas feitas por Mark Tremayne, o organizador do livro Blogging, citizenship, and the future of media (2007: 267). A maioria dos textos são escritos por docentes de universidades americanas (Texas, Austin; Missouri; Tennessee, Knoxville) e alunos de doutoramento da primeira das universidades identificadas, assente numa estrutura quase comum a todos: trabalho empírico baseado em análise de conteúdo de blogues (nomeadamente políticos), com uma apresentação teórica inicial, discussão de resultados e conclusões. É, a meu ver, o modelo ideal de livro.
Ficam algumas ideias: os blogues lidos a partir da teoria dos usos e gratificações, a complementaridade face aos media tradicionais, a ampliação do espaço público e a criação de uma rede social nova, a especialização, os receptores como jovens mas já veteranos da internet, com nível educacional e rendimento económico elevados. Há uma semelhança social dos blogues com as tertúlias da rádio, com o extremar de posições políticas (caso dos blogues políticos), e aproximação ao jornalismo cidadão. E a blogosfera poderá ser a revolução mais significativa desde a chegada da televisão.
Mas surgem também críticas: nem sempre usam a criatividade proporcionada pela internet (como as várias possibilidades da interface gráfica), usam mais a opinião que o facto, seguem as notícias e o enquadramento dos media tradicionais, frequentemente têm ausência de responsabilidade e credibilidade, o que os pode tornar uma nova forma de tabloidização.
Leitura: Mark Tremayne (ed.) (2007). Blogging, citizenship, and the future of media. Nova Iorque: Routledge, 287 páginas
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