Já aqui referi o trabalho do barrista João Ferreira ( joao.g.ferreira@sapo.pt) (5 de Maio deste ano). Conheci-o na festa do Senhor de Matosinhos deste ano. Os seus bonecos despertaram logo a minha atenção.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgaYUVkKSwgMpEJKRpYtVTvXnL8SvAe2hrPW489CumhtjAarXvH6cq3P7K8N5c6ciTYz-quJGXfLhyugKDKHe71aiqn5p7L8yYQoW2Kh3Mtgytt9DVuI8CaYICKKfwNmi2w7x0cA/s320/Jo%C3%A3o+Ferreira+2.jpg)
Por isso, agora, procurei-o em S. Martinho de Oleiros, Barcelos, terra de bonequeiros muito conhecidos, como alguns que refiro abaixo. Ainda não ganhei coragem para gravar um vídeo (ficará para outra ocasião). Mas surpreendi-o no seu local de trabalho, no seu ateliê - maioritariamente uma grande mesa perto da janela, onde se alinham peças já cozidas à espera de serem pintadas. Igualmente vi o seu forno e os bonecos que ele faz há quatro anos.
Não comprei todos os bonecos que queria. Na minha memória, ficou um boneco de maior dimensão que os que comprei - uma peça de belo design e que está também à venda no Museu da Olaria, em Barcelos (um cabeçudo).
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYYKtHjnHXk8CQe5mVYR1ER90WaGMOgixuSkfWhzVcqL1zdfSF1JbjW8mBNy37tof0W4ALdZ43NT9ekmDFeljRWRmIc8iDGGPOEqrRVo5dVl_hGLTXL5G-S4kcljuDKwYjfRkB7A/s320/Jo%C3%A3o+Ferreira+1.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7CE2E96RLEixSAnAqJ158Agezvqp3-zxKK0tkik8xKqr0C58ltPbl2sbi4Cg87-fvN2fhosh7-7fdHFUVZz4FVye-bT0iqjplvmxT4leNqb1wXcZVe5Qic00agkaZmnz0ACXh-g/s320/Jo%C3%A3o+Ferreira+3.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8mxXKqLDCs3FkHws5OnREGLrsUrjUpLAwSqc8KcBYZ8y1FMu5FP7tW2qfIJGmPL80c05F3_HLMFCXKIhsSXNHpREpwp3dFvc_wh8tqg354GGMouL4wPG1w6jpQKN00k9tkb5Kww/s320/Jo%C3%A3o+Ferreira+4.jpg)
Do primeiro contacto com os seus bonecos, surpreendera-me o conjunto de representações. Agora, pude inteirar-me melhor da colecção de figuras. Como escrevi aqui, há uma tradição cultural mantida pelo barrista, nomeadamente a seguida por Rosa Ramalho, a neta Júlia Ramalho, Rosa Côta, sua vizinha de aldeia. Mas detecto inovações, um traço mais urbano - apesar de figuras populares semi-urbanas e rurais. Os rostos são alongados, os narizes emproados e com dois tipos fundamentais de olhos: salientes, sem saliência num rosto mais liso, por vezes com maçãs do rosto vincadas a cor viva. Os braços são finos, as camisas geralmente arregaçadas e pintadas a cinzento.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh00IWxHjA6Yxkr98j8BsT6Q266cyNDrKXmHhd1lp6YOEJ7_d9U1mdLSyy-W3D2Cs_xvip1oBA_3JdHByYMbpR5HROO0GMymjTD7Dg39yW-n2g1l7Eu-dkox8f7dCyF3qBFxGbdbg/s320/jf3.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4_iiDCGSxH1EtGUG8HgvzFPdcp1LJqzCvLmVR2T8_A9WejwhlGpC1borM3-DPKrpoo2eh3HKku8I-bwIV4QNJSoERLPI2t1F37jJuUVdRcMVQIb1W7JPRc3d9nSSHAW3FWYF5fQ/s320/jf4.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK4TEFypJs6HXYBKTJaZur4-WTC8VSI8PdN4U9Xxe2obotWxf_yEB2c6ySPEKYqRWCYU2mvsIpf6WbHM_cTMWmErZf5FdZPuzgQQTweoRApCEQlycplRxvX6M4K47y88TGN5iDZQ/s320/jf2.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjP3YOnJ0tlEmJMRSqkUYD-b8MW_fsAWrinej5FgidJVvz3ihjnowkiTWmzX6fCdFItWdOX5fIAyH70e1WoqKUj7a0z14aru2JWiPv7O6X2_SLhPbgfb5Kzsx7kh52lvyyTZe0Bg/s320/jf1.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiabA8vGp3FGZR_F9aQ6OCmVqtxw0JALuwHJzW3VxOURTr07zVocfFnBunsM3aQPn6MpoXEoOM18P3DowrJf8ckGx770mYZlZ5iZx3G2ACYJXeAWjTq4Y1pz6tI7FMqTVySKnK47Q/s200/joaoferreira.jpg)
Detenho-me na mulher com a criança ao colo. Orelhas grandes, para implantar as arrecadas (brincos) de ouro. A saia de grandes quadros é protegida por um avental que aperta atrás, como se vê se rodarmos o boneco. O cântaro na cabeça quer estabelecer o equilíbrio com a criança que traz ao colo, mais solidificada com os sapatos visíveis. A representação destes é um erro de representação, mas necessário para esse equilíbrio da figura central.
Apesar de transportar a criança, a mulher parece velha, desdentada, pois tem um queixo proeminente. Talvez seja uma imagem que o barrista conserva, pois terá visto vezes sem conta cenas deste tipo a partir da rua onde mora.
Sem comentários:
Enviar um comentário