Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
sábado, 4 de outubro de 2008
PERGUNTA SOBRE O FINAL DE UMA TELENOVELA
A 22 de Janeiro de 2005, escrevia aqui sobre a telenovela Celebridade, que acabara pouco antes e fora analisada por um grupo de estudantes.
Através de uma pesquisa pelo Google, chegam ao meu blogue e perguntam: "A novela celebridade está passando em Angola e queria saber quem matou o Lineu".
Primeiro comentário: o texto colocado em 2005 reflectia um pequeno estudo (com o objectivo de entender o tipo de público, causas da preferência da novela e saber opiniões sobre o tema, enredo e personagens). A internet, com a sua incomensurável rede de dados, cria relações situadas fora do tempo e do espaço de outros meios de comunicação, o que traz problemas novos mas também expectativas novas. É como se houvesse uma comunicação permanente e sem barreiras físicas.
Há algum tempo atrás, registei outra informação colocada na caixa de comentários sobre uma mensagem sobre uma ópera que eu vira. Eu deixei o mínimo de informação sobre a peça musical; o comentário foi no sentido que eu deveria ter escrito com mais detalhe para servir de base a uma pesquisa dessa leitora.
O que me leva a um segundo comentário: alimentar um blogue cria alguma obrigação de se escrever apuradamente (com acurácia e profundidade), o que nem sempre está no espírito de quem mantém o blogue, espaço de livre manifestação do autor sem responsabilização perante terceiros. A informação está lá e o autor não tem de acrescentar nada, pois não obriga ninguém a ler ou a acreditar no que está publicado. Digamos que a comunidade de partilha é uma utopia, pois implica que todos sejam produtores e não uns produtores e outros receptores que vivem usando o esforço dos produtores.
Por isso, embora a internet seja uma ferramenta extraordinária, não elimina desigualdades nem permite a comunicação total. Esta tem de continuar a efectuar-se em comunidades mais pequenas e físicas, pois a sociabilização é plena quando estamos face a face. A mediação, a remediação ou quase-interacção mediada (John B. Thompson) existem a partir daquela.
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