Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 19 de outubro de 2008
RECEPÇÃO CULTURAL
Na edição do Público de ontem, li com atenção artigos de três colunistas do caderno P2: Pedro Mexia sobre Audrey Hepburn, Eduardo Cintra Torres sobre narrativas e folhetins nos media (imprensa, rádio, televisão) e José Pacheco Pereira sobre as leituras infanto-juvenis da sua geração.
Cada um dos textos reflecte sobre memórias geracionais, sobre cultura popular e recepção cultural, atendendo ao conhecimento aprendido pelo indivíduo ou pela geração num determinado local cultural. A ideia central que retiro da leitura de textos de autores de duas gerações diferentes (arrumo Cintra Torres ao lado de Pacheco Pereira, embora aquele seja mais novo do que este) é a do forte impacto que produtos culturais exercem na sua juventude e que perduram como dos mais importantes na sua formação intelectual. Se em Mexia há a memória pessoal, embora ele seja novo demais para ter assistido à estreia dos filmes de Hepburn e coleccionado postais, fotografias, entrevistas ou outra memorabilia sobre a actriz, nos dois outros escritores essa memória é feita de comparações de culturas (alta e popular), de meios (revistas, livros, banda desenhada, rádio, televisão), onde as interpenetrações são evidentes, e de imagens.
Fico com uma pequena nota que retiro do texto de Pacheco Pereira: "O meu primeiro contacto com Xenofonte foi uma banda desenhada num livro de Português do ensino técnico, então tido como um ensino menor. Talvez por isso os puristas dos livros únicos permitiam uma banda desenhada em vez de excertos eruditos da Anábase que deviam ir para os liceus, porque era para os de «baixo», que queriam ser serralheiros, montadores electricistas ou mecânicos de automóveis".
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