sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA EM LISBOA

Anteontem, no jornal Público (ver aqui, se ainda estiver disponível online), foi publicada uma opinião de um conjunto de cidadãos de Lisboa sobre as Grandes Opções do Plano 2009/2010 (ver documento aqui). Não conheço os motivos para além dos que estão expressos no documento publicado (cidadãos independentes de partidos políticos? Ou integrantes em partido de oposição ao da actual maioria camarária?), mas vale a pena reflectir nele, dada a pertinência.


Um dos assuntos tratados no artigo de opinião diz respeito ao Plano Estratégico da Política Cultural, a desenvolver por um centro de estudos do ISCTE - e sobre o qual escrevi aqui. Para os subscritores da carta de opinião, o que existe é "a criação de um 'site’ e fazer sessões brainstorming em torno da Cultura, copiando Barcelona (já chega de tanta decalcomania…)". Da parte dos subscritores da carta, objectivos críticos do que se propõe nas Grandes Opções do Plano, isto parece pouco. Embora partilhe da opinião que fazer um sítio poderá não ter grande efeito - além da qualidade estética discutível e da quantidade e importância da informação do mesmo.

Contudo, mais à frente na mesma carta, lê-se: "Estratégia Cultural seria apostar forte de facto nas indústrias criativas e nas 'incubadoras de empresas’ (que melhor local para isso do que a Baixa?) através de parcerias comprovadamente de mais-valia [...]. Ou incrementar a fidelização de públicos para o cinema, teatro, artes plásticas e para o livro. Como? Acabando com a programação ad hoc nas suas próprias salas de espectáculo, definindo critérios (por ex., fazendo adaptar as produções às salas e não o contrário, promovendo contratos por objectivos, extinguindo mordomias); apostando forte numa rede de salas de excelência – Taborda, São Luiz, Maria Matos, Paris, Belém Clube, São Jorge, Capitólio, Tivoli, Odéon e Animatógrafo do Rossio –, definindo públicos alvo e pugnando pela não adulteração do património. Ou apostar numa rede saudável e em regime de 'roulement’ de ateliers de artistas, o mais abrangente possível, de artes e ofícios mas também do ponto de vista geográfico. Isso e a abertura de bibliotecas em vez de condomínios ou hotéis ad hoc. O Terreiro do Paço ou o Palácio Pombal seriam os melhores locais para, por ex., uma extensão da Biblioteca Nacional, uma biblioteca sobre o terramoto ou um museu dedicado a Pombal".

Isto é muito interessante, podendo mesmo ser usado pela equipa do ISCTE que está a desenvolver o plano para a política cultural. Aliás, eu não sei se, numa das mesas do encontro de 22 de Novembro passado, esses assuntos foram discutidos. Valeria a pena ler no mesmo Público a perspectiva da equipa do ISCTE, pois há nomes de qualidade nela a trabalhar. A equipa do ISCTE projectou reuniões a decorrer este mês e Janeiro próximo. Já há novidades quanto a isso? E já foram feitas conclusões quanto à reunião de Novembro? Não me parece.

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