sábado, 14 de fevereiro de 2009

NOTAS SOBRE INDÚSTRIAS CRIATIVAS

  • No nosso país, diversos municípios estão actualmente a desenvolver as suas economias locais e regionais através da dinamização e da animação cultural (Jorge Cerveira Pinto, Público de hoje).

Jorge Cerveira Pinto escreve que o sector cultural e criativo - que integra artistas independentes, PME e multinacionais - representava 3,4% do comércio mundial em 2005. Na Europa, as indústrias criativas crescem a uma taxa anual de 12,3%. Em Portugal, o sector criativo já é o terceiro maior contribuinte para o PIB nacional.

No passado dia 5, o antigo ministro da cultura, Manuel Maria Carrilho, discordava (ver a minha nota aqui) da inclusão de sectores como a televisão ou a publicidade na produção cultural, o que significava um valor mais elevado e poderia distorcer a dimensão do mercado. O tema era indústrias culturais. O que escreve Jorge Cerveira Pinto é sobre indústrias criativas.

Neste momento, penso que é tempo de recentrar a conceptualização: apesar da importância das indústrias criativas, este conceito tem tanta conotação ideológica como indústria cultural. Se esta tem a marca de Adorno e Horkheimer, aquelas identificam-se com a tomada de posição política do New Labour inglês e que levou este partido e Tony Blair ao poder. Tão perigoso é pensar na bondade dos conceitos como pretender que as iniciativas dos municípios na dinamização e animação cultural são puras e não incluem a vontade de continuidade político-partidária à frente desses municípios (bandeira da cultura como elemento de propaganda). Apurar a realidade das finanças das autarquias (certamente exangues em muitas situações) e fazer o balanço das actividades regulares (assistência e formação de públicos) torna-se evidente para perceber se não irá ocorrer um colapso à medida que a crise económica se acentuar. Além de distinguir entre níveis de produção internacional e nacional nos consumos.

1 comentário:

Jorge Cerveira Pinto disse...

Caro Rogério Santos,
Só hoje tive oportunidade de ler a correcção que faz a uma declaração minha aos jornalistas, aquando da apresentação da 1ª edição do forum cultura e criatividade, e com a qual concordo. Queria acrescentar a seguinte observação: é que é tão ideologica e politicamente relevante o conceito de "industria cultural" como o de "industria criativa". Pensar que existe actuação cultural, sem um contexto político - nacional, regional ou local - marcado por escolhas, incluindo as ideológicas, é algo demasiado inocente para aceitarmos nos dias que correm.