sexta-feira, 10 de abril de 2009

COLECÇÃO DE FOTOGRAFIA PORTUGUESA DA DÉCADA DE 1950


Batalha de Sombras é o título da exposição e do catálogo actualmente presente no Museu do Neo-Realismo (Vila Franca de Xira), com uma colecção de fotografia portuguesa dos anos 50 (pertença do Museu de Arte Contemporânea - Museu do Chiado). O texto principal pertence a Emília Tavares, também a curadora da exposição [dela escrevi já aqui, sobre o seu livro de 2002, A fotografia ideológica de João Martins (1898-1972)].

Escreve Emília Tavares que a fotografia patente foi produzida entre 1946 e o final da década seguinte, quando a fotografia estava muito ligada ao Estado Novo e surgiam novos panoramas não associados ao regime (p. 27). O ano de 1946 coincidiu com a I Exposição Geral de Artes Plásticas, quando se preparava a teorização do neo-realismo, enquanto o surrealismo também se desenvolvia. Emília Tavares chama a atenção para a particularidade específica do neo-realismo, mais voltado para a literatura, e que olhava a fotografia com receio da forma sem conteúdo (p. 51).

A fotografia seria aproveitada pelos arquitectos no seu volume Arquitectura Popular em Portugal, editada em 1961 (e curiosamente apoiada pelo SNI, organismo do Estado Novo). O tema dos socialmente desfavorecidos ganhava mais expressão, numa linha que vinha desde meados da década de 1940.

Outra linha trabalhada pela curadora da exposição foi a dos concursos e exposições de fotografia, o salão fotográfico (p. 55) e as revistas da especialidade. Ela elege autores simultaneamente fotógrafos como Eduardo Sena, pertencente ao Foto-Clube 6x6 e impulsionador da Secção de Fotografia da CUF do Barreiro, e Franklin Figueiredo, co-fundador do Grupo Câmara de Coimbra. No contexto da fotografia amadora, discutem-se posições sobre a fotografia artística e os processos de avaliação. Estes fotógrafos amadores pertenciam à média burguesia e a profissões liberais (médicos, engenheiros, advogados).

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