Hoje, o jornalista António Granado (Público) deu uma conferência sobre convergência, que dividiu em quatro pontos. Quanto ao primeiro, identificou a convergência entre empresas, como a fusão de grandes conglomerados de media. Exemplos: aquisição de papel quando há vários jornais num grupo; deslocação de um só enviado a um acontecimento fora do país com peças escritas para os vários media do grupo. Mas há igualmente desvantagens, como mais permeabilidade a pressões externas, como a retirada de publicidade ou a menor independência dos jornalistas.
O segundo ponto é o da convergência entre media, com integração de redacções (breaking news e online versus redacção do jornal em papel). Exemplos: se os editores de economia e de política, ou de outras áreas, passarem a empregar jornalistas da redacção online para fazerem simultaneamente os trabalhos para o jornal online e o jornal em papel, esvaziam a estrutura da redacção online; o fotógrafo pode desempenhar também o papel de operador de vídeo. Mas há ainda muitos exemplos de redacções dos media em papel e online separadas.
O terceiro ponto é o da convergência de dispositivos, como o telemóvel e a internet. As notícias surgem primeiro nesses dispositivos, enquanto os jornais perdem leitores e e a rádio igualmente ouvintes ou fragmenta-se; mesmo a televisão já não alcança a faixa etária dos 18-30 anos. Os media clássicos podem dar notícias mais desenvolvidas e com outras perspectivas. Os exemplos dos cadernos "P2" e "Ípsilon" do Público em papel foram apresentados como boas opções.
O último ponto é o da convergência entre produtores e consumidores, estes últimos conhecidos como as pessoas anteriormente conhecidas como audiência. A facilidade no acesso a ferramentas de internet e a participação cívica permitem esse esbatimento entre quem faz e quem recebe. Um dos momentos históricos foi a criação da Blogger em Agosto de 1999 (em breve comemora-se uma década de existência dos blogues). Seguiram-se o jornalismo participativo, o jornal OhmyNews, a participação de blogueiros nas convenções partidárias americanas em 2004, o livro Nós os Media de Dan Gillmor.
Mas António Granado chamou também a atenção para os mitos provocados pela convergência. O primeiro é o da redução da dimensão das redacções. Se um gestor fala em convergência, esta é uma forma de cortar custos. Ora, uma redacção habituada a fazer um produto (jornal em papel) que se vê compelida a fazer mais (papel, online, vídeo, podcast), isso significa mais trabalho ou perda de qualidade. Se a redacção se reduz, os resultados não serão bons. O segundo mito é o das redacções estarem cheias de pessoas com grande criatividade que podem adquirir novas especializações. Ora, andar com uma mochila cheia de dispositivos para escrever, registar em som e imagem, fotografar ou fazer vídeo, é excessivo para um jornalista. O profissional multi-tarefas e multi-especialidades pode querer dizer que a qualidade do trabalho nunca passa de mediana.
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