Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
FOTOGRAFIA COMO ARQUIVO E UTOPIA
A exposição Arquivo Universal. A condição do documento e a utopia fotográfica moderna, no Museu Colecção Berardo (Centro Cultural de Belém), reflecte sobre o documento e o documentário, que aparecem simultaneamente no campo artístico, nas ciências sociais, no direito e na historiografia (sigo de muito perto o Guia da Exposição, com texto original de Jorge Ribalta e versão portuguesa de Clara Távora Vilar e Nuno Ferreira de Carvalho). Ao longo do século XX adquire significados diferentes.
A exposição não se propõe fazer uma história mas micro-histórias. O documento associa-se às lutas pelos direitos civis, a ideia e desenvolvimento do Estado-Providência e a produção de imagens sobre os desfavorecidos.
O documento aparece na história da fotografia no primeiro terço do século XX, com o começo da hegemonia da fotografia na imprensa ilustrada e vai até ao fim do mesmo século com o advento da máquina digital, que questiona o realismo fotográfico. A fotografia, ao cruzar os discursos da arte moderna e do positivismo filosófico e científico e conjugar documento e arquivo, estabelece o que o comissário da exposição chama utopia fotográfica moderna e que é responsável pelos debates ao longo das décadas de 1920 e 1930 em torno da factografia e do produtivismo.
Mas, ao arquivo, sucede a desmaterialização, o espectro da imagem, com a introdução da tecnologia digital na fotografia. Conclui Jorge Ribalta que o Photoshop e a máquina digital acabam com o realismo fotográfico.
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