domingo, 26 de julho de 2009

MUSICAIS

Não sou grande apreciador de teatro musical, embora reconheça que se aprende bastante quanto a públicos (e comportamentos). A semana passada fiz uma experiência e vi dois musicais, Wicked (Apollo Victoria Theatre) e We will rock you (Dominion Theatre), o primeiro contando a história das bruxas de Oz e o segundo baseado no repositório das músicas da banda Queen. Os espectadores do Apollo são ingleses de classe média e mais jovens (vi pais com filhos pequenos); os do Dominion, pelo menos desde há sete anos em que o musical está em cena, são turistas estrangeiros e de diferentes níveis etários (os mais jovens sabiam as letras de cor, como se os Queen fossem uma banda de hoje). Aquela peça musical tem enredo, a segunda baseia-se nas músicas de Fred Mercury e seus colegas (um deles, Roger Taylor faz hoje 60 anos), com o público a agitar-se como se estivesse num concerto de música pop. O musical no Dominion tem a particularidade do português Ricardo Afonso fazer de Galileo, uma das personagens com mais destaque na história e a actuar há mais de um ano. As duas salas estavam cheias (o Dominion tem 2069 lugares) - e os preços não são propriamente populares.

Depois, nos teatros e salas de espectáculos ingleses há uma democrática venda de bebidas e gelados dentro da plateia, antes do começo da exibição e nos intervalos. Isso inclui vinho e cerveja. Recordo-me que, num outro ano, num musical, junto a nós duas jovens bebiam vinho à vontade e exalavam um cheiro quase insuportável. Num concerto dos Promenade, no Royal Albert Hall, os espectadores da arena comportavam-se do mesmo modo. Para além do bilhete de ingresso na sala, a bebida constitui igualmente uma receita importante. Proíbidos são o consumo de tabaco e as conversas entre a assistência.

Tudo isto lembra-me o livro de Richard Butsch (2008), The citizen audience. Crowds, publics, and individuals, onde o autor traça a evolução das indústrias criativas e sua relação com a expressão nos espaços públicos e destaca a lenta evolução das salas (teatro, cinema), espaços inicialmente barulhentos e onde era permitido comer e beber para sítios recomendáveis e locais de cultura por excelência.


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