quinta-feira, 23 de julho de 2009

FUTURISMO

Foi há cem anos que começou o futurismo, com Filippo Tommaso Marinetti a escrever o seu manifesto (Paris, 20 de Fevereiro de 1909), rapidamente reconhecido e admirado em toda a Europa. Marinetti e os seus colegas artistas (Giacomo Balla, Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Gino Severini) geraram um forte movimento que se pode acompanhar até 1915, no início da Primeira Guerra Mundial. 1912 foi um ano chave e aí se vê o cruzamento de correntes, vindas do divisionismo italiano do século XIX, do cubismo, do movimento anarquista, do simbolismo, do cubo-futurismo russo, do vorticismo inglês, ligando ainda teatro, cinema, escultura e política.

No futurismo, os seus autores inspiraram-se em Bergson, cujo argumento se poderia sintetizar em consciência em fluxo criando uma simultaneidade de experiência. Os futuristas elogiam a luz eléctrica nas ruas das cidades, mas também os comboios rápidos e os fios do telégrafo enquanto exaltação do futuro. Os futuristas viam na comunicação os elementos fundamentais para a sua arte de vanguarda. Aliás, Marcel Duchamp, entre outros, partilhava com os futuristas o gosto e admiração pelas máquinas. Na exposição de 1912, os pintores do movimento escreveram no catálogo sobre a deslocação e o desmembramento dos objectos, o derrame e a fusão de detalhes livres da lógica dominante, independentes de outros.

Em Luigi Russolo (La Rivolta, 1911; imagem retirada do sítio Mart e figura central do cartaz da exposição na Tate Modern, em Londres), a multidão é apresentada como massa anónima, sem distinção de qualidades e qualquer contexto social ou político. Mas, apesar desta obra, a política exerceu fascínio sobre o movimento, nomeadamente a sua atracção pela guerra (a guerra representa purga e limpeza dos males), a misoginia e a trágica transformação de ideais anarquistas no fascismo.


A exposição, muito bem organizada e com um bom catálogo, resulta de uma concepção do Centre Pompidou (Paris), da Scuderie del Quirinale (Roma) e da Tate Modern (Londres), tendo já estado nas duas primeiras cidades.

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