A década de 1970 foi aquela em que houve mais espectadores de cinema em Portugal, com uma média anual de mais de 30 milhões de espectadores (número máximo de mais de 40 milhões em 1976), número que baixou para os cerca de 15 milhões há dois anos. Ao invés, cresceu o número de sessões para quase 645 mil sessões em 2008, quando em 1974 se ultrapassou a primeira vez as cem mil. Quanto a ecrãs de cinema, havia 418 em 1967, número que foi baixando ao longo dos anos seguintes, chegando a 230 em 1992, e subindo nos anos seguintes, com um máximo absoluto em 2008, em que estavam activos 572 ecrãs.
Destas séries (presentes na base PORDATA, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, com o sociólogo António Barreto a presidente do conselho de administração, a partir de dados recolhidos pelo INE, e que este não possui de modo seriado), podem-se tirar algumas conclusões importantes (embora sem total rigor científico).
Uma delas é que, ao grande crescimento de ecrãs, não corresponde um movimento de expansão de espectadores. Em Portugal, viu-se mais cinema na década de 1970, nos anos em torno da mudança de regime político, com o pico máximo em 1976. Visionamento de filmes proibídos pela censura e novas cinematografias (caso da indiana, que teve mesmo cinemas dedicados à passagem de filmes da Índia) são explicações para essa subida, a que se poderá aliar um maior poder de compra e/ou sentimentos de maior consumismo.
Logo no ano seguinte, em 1977, arrancava a telenovela brasileira Gabriela, correspondendo a uma queda de idas ao cinema. Apenas em 1995 começa a lenta recuperação, no momento em que a SIC, um canal comercial, atingiu a liderança em termos de audiência de televisão. Outro dado interessante é a quebra de ecrãs na parte final da década de 1980, acompanhando o decréscimo de espectadores, mais seduzidos pela televisão.
Por outro lado, houve uma mudança lenta no modo como os ecrãs se distribuiram, desaparecendo salas antigas nos bairros e começando a instalar-se ecrãs múltiplos em centros comerciais. Lembremo-nos que os centros comerciais começaram a expandir-se na segunda metade da mesma década de 1980 (Amoreiras em Lisboa, Brasília Shopping no Porto), com um aumento significativo na década seguinte.
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