O texto que provocou a leitura alargada ao grupo foi o de Carles Feixa e Laura Porzio, a partir de fotografias de Mireia Bordonada, intitulado "Um percurso visual pelas tribos urbanas em Barcelona", e incluído no livro organizado por José Machado Pais, Clara Carvalho e Neusa Mendes de Gusmão O Visual e o Quotidiano (2008).
Apresenta-se dividido em duas partes, uma teórica e outra empírica, com base nas fotografias de Mireia Bordonada. O texto organiza um percurso através das tribos urbanas conduzido pela máquina fotográfica, procurando os discursos e os significados culturais produzidos em lugares distintos (p. 109).
Assim, a análise debruça-se sobre as culturas e estilos juvenis em Barcelona, a partir da segunda metade da década de 1970, e a produção teórica em volta desse tema. Primeiro, foi a promoção de estudos de opinião sobre consumo cultural e audiovisual e subculturas (culturas emergentes, delinquência juvenil, haxixe), multiplicidade de estilos (el pijo, com identidade da classe alta, marcha nocturna e makinero, como resultado dos novos locais de diversão e da música electrónica). Nos finais da década de 1980 e começo da seguinte, são visíveis os estudos como balanço teórico-conceptual, bem como os trabalhos sobre ultras do futebol, skinheads e okupas e etnografias com novas metodologias e enquanto resultado da expansão da investigação universitária, nomeadamente em teses de doutoramento, além de relatórios aplicados e ensaios gerais. Apesar de espaço escasso, o texto dedicou atenção às culturas juvenis do punk e do hip-hop/rap e do graffiti.
Para a presente década, os autores enunciam três grandes tendências das culturas juvenis em Espanha: 1) activismo (alternativos, antiglobalização, neo-hippismo na moda), 2) cultura da dança (techno, fashion, rave), 3) difusão da internet e geração de "culturas de quarto" e comunidades virtuais (cyberpunks, hackers).
As culturas juvenis mostram hibridação e identidades variáveis e efémeras. Nos meus próprios contactos, verifiquei as conclusões do texto. Após a leitura, uma entrevistada dizia que, quando se procura o mundo do trabalho, há a tendência para retirar piercings e disfarçar tatuagens. O jovem adulto considerava o graffiti como um período curto na adolescência, reconhecendo o risco e a imaturidade dessa intervenção cívica. Outros leitores falaram de subculturas que o texto não indica: os emos, as lolitas. A sua análise fica para outra ocasião.
Leitura de base: Carles Feixa, Laura Porzio e Mireia Bordonada (2008). "Um percurso visual pelas tribos urbanas em Barcelona". Em José Machado Pais, Clara Carvalho e Neusa Mendes de Gusmão (org.) O Visual e o Quotidiano. Lisboa: ICS, pp. 87-113
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