Uma fronteira é uma separação física, cultural, política, ideológica, pondo lado a lado grupos sociais que se respeitam ou que têm elementos em litígio. A fronteira de um país significa quase sempre uma cultura diferente, com língua e costumes particulares. Mas, numa cidade, um bairro pode representar características comuns face aos bairros limítrofes.
Marshall McLuhan, na esteira de Harold Innis, estudou as relações e as comparações das fronteiras entre os Estados Unidos e o Canadá e também as fronteiras que se iam desfazendo à medida que a colonização ocidental caminhava em direcção ao ocidente do país, no Pacífico. Com toda a carga afectiva, cultural, de supremacia da nova cultura – ao mesmo tempo que as tecnologias iam marcando essa nova superioridade. Para McLuhan, o Canadá foi, ao longo do século XIX, uma fronteira típica – física e de informação. Acrescento eu: e de poder. A fronteira tem o valor de interface e em processo complexo de mudança, alargando os poderes de percepção e crescimento humanos.
As fronteiras, dizia o professor canadiano, têm muitos padrões que podem ser difíceis de perceber. A fronteira americana tornou-se visível como factor social e geográfico com o advento do telégrafo, que eliminou a geografia. O aparecimento do telégrafo interiorizou o ambiente antigo. No Canadá, a linha do caminho de ferro criou uma espécie de unidade no espaço, como nova fronteira no espaço e no tempo. Após a eliminação do padrão geográfico dado pelo caminho de ferro, este foi substituído pelo impacto da informação eléctrica (telégrafo). O que quer dizer que o marcador da fronteira foi dado pela expansão do comboio em direcção ao Pacífico, acompanhado pelo telégrafo.
Leitura: Stephanie McLuhan e David Staines (org.) (2005). McLuhan por McLuhan. Rio de Janeiro: Ediouro
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