domingo, 26 de setembro de 2010

TEATRO II

Diogo Infante recorda que foi em 1998 que encenou Tennessee Williams a primeira vez: O Jardim Zoológico de Cristal. Agora, coube a vez a Um Eléctrico Chamado Desejo, começada a escrever por Williams em 1945 e estreada dois anos depois em Nova Iorque, com Jessica Tandy e Marlon Brando entre outros.

"Blanche DuBois, uma frágil e solitária beldade sulista, decide visitar a sua irmã, Stella, que vive num bairro pobre de Nova Orleães. Numa altura em que a sua vida se encontra em declínio, Blanche acaba por se confrontar com o marido de Stella, Stanley Kowalski, cujo temperamento rude tanto ofende como atrai a sua educada sensibilidade. Enquanto o jazz dos anos 40 enche os bares locais durante a noite, as tensões crescem até atingirem um ponto de ruptura inevitável (texto do sítio do Teatro Nacional D. Maria II).


Sobre a peça, escreve Mário Jorge Torres: "Stella [Lúcia Moniz], como uma espécie de alegoria do espectador e centro filosófico de uma reflexão sobre a existência, colocar-se-ia, assim, entre duas forças tentadoras, sempre duais e contraditórias: Blanche [Alexandra Lencastre], representante da cultura, do idealismo e do culto do Belo (mas também da fraqueza, do desequilíbrio, da mentira e da rejeição das amarras ao real), e Stanley Kowalski [Albano Jerónimo], a encarnação de uma sexualidade agressiva, de uma animalidade crua e elementar, mas também da hipótese da sobrevivência, da procriação, do jogo bipolar entre masculinidade assertiva e um retrógrado caminho de regresso à idade das cavernas".

O autor, sobre a peça, recorda como começou a escrevê-la depois de ser operado a um dos olhos, que sofria de uma catarata: "como acto final de reabilitação, instalei-me durante algum tempo em Chapala [México] para trabalhar numa peça chamada The Poker Night que, posteriormente, se passou a chamar Um Eléctrico Chamado Desejo. É apenas no seu trabalho que um artista consegue encontrar a realidade e a satisfação, uma vez que o mundo real é menos intenso do que o mundo inventado e, consequentemente, do que a vida, sem se recorrer a um distúrbio intenso, nada parece muito substancial".

Alexandra Lencastre, actriz que se estreou no teatro em 1985 na peça Pílades, com encenação de Mário Feliciano, já não representava num palco há 15 anos. Durante este longo período participou em programas de televisão, séries, telenovelas e cinema. O regresso é muito feliz, pois desempenha o papel da esquizofrénica Blanche DuBois com enorme classe e expressão. 

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