sexta-feira, 12 de novembro de 2010

TRABALHO CRIATIVO

O livro Creative labour debruça-se sobre três indústrias culturais: televisão, revistas (jornalismo), música. O grande objectivo é estudar as profissões e ocupações das referidas indústrias culturais, nomeadamente a componente do trabalho criativo.

Nota-se cepticismo dos autores face ao conceito indústrias criativas e a recuperação da ideia de indústrias culturais, o que vai contra a corrente dominante (como em Richard Florida). Para Hesmondhalgh e Baker, as iniciativas das indústrias criativas correspondem a versões respeitosas das políticas de emprego e educação e que substituem o papel das manufacturas nas economias nacionais sob nomes como sociedade da informação e economia do conhecimento. O foco das indústrias criativas não reside apenas no Reino Unido (ou numa versão possivelmente paroquial em Portugal) mas também na China. As políticas de indústrias criativas incluem Jeijing, Xangai e Nanjing, por exemplo, incorporadas em planos quinquenais. Há influências materiais por detrás do desenvolvimento das políticas das indústrias criativas, tais como a relação com a propriedade intelectual, mercados urbanos, dinâmica da regeneração e gentrificação. Tais políticas centram-se no número de empregos que gera nas economias modernas. Mais perto de nós, continuam os autores, houve uma mudança nas políticas das indústrias criativas, agora renomeadas como economia criativa.

Segundo Hesmondhalgh e Baker, a celebração e a simplificação do trabalho criativo na política governamental e junto da universidade significam que o artista havia deixado de ser identificado como criador, subversivo e anticonformista que se rebelava contra o utilitarismo comercial. O artista (o trabalho artístico e criativo) continua caracterizado por condições como extrema flexibilidade, autonomia, tolerância da desigualdade, formas inovadoras do trabalho de equipa. Mas nascem críticas devido a altos níveis de insegurança, trabalho à peça, longas horas de trabalho.

Como há pouca evidência estatística sobre as indústrias culturais, os dois autores procuraram saber o que pensam os artistas e os trabalhadores criativos, entrevistando-os e tecendo um quadro teórico posterior. Fizeram 63 entrevistas e Sarah Baker trabalhou durante 16 semanas com uma equipa de produção de televisão independente. Além disso, os autores analisaram a imprensa das associações industriais dos sectores estudados.

Leitura (em andamento): David Hesmondhalgh e Sarah Baker (2011). Creative labour. Media work in three cultural industries. Londres e Nova Iorque: Routledge, 265 páginas, preço (capa dura): proibitivo

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