sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

DEZ ANOS DE SIC NOTÍCIAS

No começo deste mês, o canal de notícias SIC Notícias comemorou dez anos de actividade. A revista dominical do Público de 9.1.2011 dedicou atenção a esta efeméride, com texto de Ana Machado e Miguel Gaspar e imagens de Nuno Ferreira Santos.

O canal, do grupo Impresa (Expresso, Visão, SIC) começou a emitir em 8 de Janeiro de 2001. Pedro Mourinho, Ana Lourenço e Clara de Sousa eram as caras mais visíveis do canal, com uma equipa de dirigentes com nomes como Emídio Rangel, Luís Marques, Nuno Santos e Alcides Vieira. Hoje, uma das caras mais conhecidas do canal é Mário Crespo. A SIC Notícias sucedia a uma experiência frustrada dos canais regionais, CNL (Lisboa) e NTV (Porto), ligados à Portugal Telecom.

Há uma espécie de quadro de origem da SIC Notícias: a rádio TSF. Aliás, Emídio Rangel esteve ligado à origem dos dois projectos. A ideia de emitir notícias hora a hora na televisão foi uma profunda alteração no modo de produzir e receber informação. Quando arrancou a SIC Notícias tinha uma média de 12 mil espectadores por dia, número que está hoje nos 29 mil. Os canais por subscrição (cabo, IPTV) têm actualmente cerca de 19% do share de audiência.

Depois da SIC Notícias surgiriam a RTPN (2004, ligada à RTP) e a TVI24 (2007, ligada à TVI), canais de subscrição que fazem parte das estratégias das estações generalistas a que pertencem, entendendo-se os canais de subscrição como constituindo uma outra plataforma de elaboração e transmissão da informação. Apesar da abundância de oferta de canais de informação, estes lutam contra duas questões: afunilamento da agenda, por falta de tempo de aprofundamento de informação e investigação, orçamento baixo (alguns produtores entregam programas a custo zero ou perto disso).

O directo ou o "jornalismo de secretária" (na crítica de Eduardo Cintra Torres) são usados com maior frequência do que seria desejado. Os jornalistas queixam-se, por seu lado, do peso e impacto das fontes de informação, muitas das quais se profissionalizaram em termos de estruturas. Pode acontecer uma perda de audiências mais jovens, menos interessadas em consumo de informação através da televisão, dada a transferência para a internet, embora o consumo da televisão generalista mantenha uma perplexidade: a par do peso dos noticiários, central nas programações, os canais tendem para um papel maior no entretenimento.


Recorde-se que o primeiro canal de notícias por subscrição surgiu em 1980, com a americana CNN. Em 1989, o canal Sky News, de Rupert Murdoch, era lançado, seguindo-se a oferta da CNN no Reino Unido em 1992. No ano anterior, 1991, a BBC abria o canal comercial que emitia 24 horas por dia, o World Service Television News, renomeado BBC World. Esta oferta seguia diversos desenvolvimentos, como a possibilidade de gravar em vídeo na década de 1980, que eliminava o processo mais lento e dispendioso do filme em película, a emissão em simultâneo através do satélite e redistribuição para outras cadeias de televisão em qualquer parte do mundo, a lenta aceitação do trabalho multi-tarefas (jornalista que escreve, regista em som e imagem e monta as peças), a flexibilidade e a maior velocidade permitidas pelas tecnologias digitais, a centralização da produção de informação e o aumento de serviços noticiosos pela expansão da internet (Georgina Born, 2005, Uncertain vision. Birt, Dyke and the reinventing of the BBC, p. 404).

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