O texto de Amanda Ribeiro, no Público de anteontem, chamou-me a atenção. Ela centrou a sua atenção na Edisco, a última fábrica da Península Ibérica que faz cassetes. Nas décadas de 1980 e 1990, saíam dali 15 mil por dia, agora, agora apenas umas 200 a 300 cassetes por mês. Foi este suporte que fez aparecer a Edisco, que ainda vende para clientes de Lisboa, Algarve e Espanha, escreve a jornalista, que também levanta a genealogia da fábrica, herdeira da Discos Rapsódia e da Casa Figueiredo. As primeiras máquinas faziam nove cassetes. Dois estilos musicais fizeram o sucesso da fábrica: música pimba e música popular. Nas décadas produtivas, o estúdio estava ocupado de março a julho com ranchos folclóricos e tunas. Manuel Monteiro, mais conhecido como Nel Monteiro, vendeu entre 60 e 80 mil cassetes, com êxitos como Azar na praia e Retrato sagrado. A partir de 2005, a Edisco começou a vender menos. Os últimos êxitos foram as edições de anedotas do humorista Fernando Rocha.
Mas os fãs das cassetes continuam vivos. A jornalista lembra o mercado indie e experimental, como Deerhunter, Dirty Projectors, Animal Collective, Of Montreal, The Mountain Goats, e o estilo chillwave, como Washed Out, Toro y Moi, Julian Lynch, Real Estate e Ducktails, em lo-fi (por oposição a hi-fi). Afinal, a cassete, se tiver uma embalagem artística, traduz identidade e personalidade, uma relação emocional com o objeto físico, coisa que o desmaterializado mp3 não possui.
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