A festa meteu máscaras e roupas de fantasia. A comida não era boa e as mesas eram escassas para tanta gente. Deu para um pequeno convívio e para comer o bolo da aniversariante. Houve quem dançasse e cantasse. Muitas das músicas e das letras eram desconhecidas para mim. Tive de pedir apoio. O meu intérprete falou-me de músicas de televisão e das rádios populares. As letras aproximavam-se do sórdido, lembrando os temas de Quim Barreiros e Tony Carreira, com ritmos musicais velozes. Mas também cantaram e dançaram músicas brasileiras. De repente, apercebi-me que o país não mudou muito se comparado com 1962. As pessoas preferem os mesmos sentimentos e apelos que se ouviam na rádio de ondas médias antes da popularização da televisão. A rádio de FM em 1963, afinal, não trouxe uma nova cultura como pensava. Agora, a universalização das redes sociais como o Facebook, com a sua meritosa interatividade, não vai, na minha perspetiva, além de servir para conversar e perpetuar e reproduzir velhas tendências. A essência mantém-se, apenas muda a aparência. As tecnologias não mudam os povos, estes têm outros referentes: a família, os grupos de amigos, a timidez de um pequeno país isolado geograficamente durante muito tempo e ainda no tocante ao atual cosmopolitismo europeu. O meu informante chamou-me elitista e disse que eu vivia numa redoma de vidro, que não parava de escutar Dido e Eneias de Henry Purcell [imagens feitas no Porto, Carnaval 2012].
Sem comentários:
Enviar um comentário